TV Globo planeja processar agressores de repórter


01/11/2011


 
A TV Globo anunciou na noite desta segunda-feira, 31 de outubro, no jornal “SPTV”, que registrou boletim de ocorrência e pretende processar o grupo responsável pela agressão à repórter Monalisa Perrone durante uma transmissão ao vivo para o “Jornal Hoje”, em frente ao hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde se encontrava internado o ex-Presidente Lula.  A ABI divulgou nota de repúdio à ação dos agressores, classificada como “deplorável” e um “ato de vandalismo” e de agressão à liberdade de imprensa.
 
 
A repórter foi empurrada quando informava sobre o estado de saúde do ex-Presidente, internado no hospital por conta de um câncer na laringe. Em comunicado, a Central Globo de Comunicação (CGCOM) diz que “trata-se de pessoas cujo propósito é aparecer. Não é a primeira vez. Como houve agressão, a TV Globo estuda que medidas legais tomar.”
 
 
Após o susto, a jornalista ainda voltou ao ar para tentar contornar a situação:
 — Levei um susto enorme, estou tremendo, não sei se consigo falar direito. Em 20 anos de televisão isso nunca me aconteceu, um desrespeito enorme. Mas enfim, televisão ao vivo é isso mesmo.
 
Em seguida, Monalisa passou o microfone para o repórter José Roberto Burnier concluir as informações interrompidas no momento da agressão.
 
O grupo denominado “MERDTV”, que assumiu a responsabilidade pelo ato, pediu desculpas à repórter através de comunicado divulgado em seu blog, alegando terem sido empurrados pelos seguranças da própria Rede Globo.
 
O texto do comunicado diz o seguinte: “Primeiramente, queremos muito pedir desculpas à repórter Monalisa Perrone. Foi um acidente de trabalho, fomos empurrados pelos próprios seguranças da Rede Globo e acabamos esbarrando na repórter sem querer, sem intenção de ferir ou removê-la de cena. Nossas sinceras desculpas”.
 
 
Em sua página, o grupo se autoproclama a “Revolução contra a Rede Globo de Televisão, que destrói cada dia mais os jovens brasileiros”. Em abril, o mesmo grupo protagonizou situação semelhante em frente ao mesmo hospital, durante boletim ao vivo com o repórter Jean Raup sobre o estado de saúde do ex Vice-Presidente José Alencar. Ainda em outubro, o grupo também invadiu outras duas transmissões ao vivo, em São Paulo.
 
 
Solidariedade
 
 
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) publicou comunicado no qual afirma que “A tentativa de intimidar jornalistas e impedir a divulgação de informações deve ser sempre rechaçada por todos aqueles que defendem a liberdade de expressão como um dos fundamentos de uma sociedade democrática.”
 
 
Por meio de nota, assinada pelos jornalistas Rodolfo Konder e James Akel, a Representação da ABI de São Paulo também manifestou solidariedade à repórter, e de repúdio aos autores da agressão. Veja abaixo a íntegra da nota:
 
 
“A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) de São Paulo, estarrecida com o ato de vandalismo contra a jornalista Monalisa Perrone durante sua participação ao vivo no ‘Jornal Hoje’, vem prestar solidariedade à jornalista e à direção de jornalismo da Globo, num momento tão delicado onde vândalos agridem a liberdade de imprensa e o trabalho do jornalista.

Jamais, em tempo algum, ato de agressão física é aceito por qualquer motivo que seja. Debates e diferenças de ideias devem ser mostrados em discussões civilizadas e com o mínimo de dignidade.

O ato de agredir publicamente um jornalista no desempenho de sua profissão e da informação livre ao povo é o mais baixo de todos os atos, que deve ser punido como tortura contra a pessoa, que foi o que realmente aconteceu, além de ameaça direta e pública contra o povo livre.

A ABI já viveu momentos de defesa da liberdade de imprensa contra as torturas e ameaças de violência contra a liberdade de ideias nos momentos mais tristes do Brasil.

Exatamente por isto não podemos deixar de passar este momento de agressão à mídia e à imprensa sem prestarmos solidariedade à Rede Globo e repulsa a todos aqueles que agridem moral e fisicamente a liberdade.”

 
* Com informações do G1, Terra e Uol