25/01/2021
Por Diretoria da ABI
“O Rio de Janeiro é uma merda, mas é bom; Nova Iorque é bom, mas é uma merda”. A frase de Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o nosso compositor, maestro, pianista, cantor, arranjador e violonista brasileiro, correu mundo e fez o maior sucesso entre seus milhares de fãs. Nos seus últimos anos, o nosso maestro soberano Tom Jobim, como era conhecido e que hoje faria 94 anos, vivia entre as duas cidades, mas jamais se americanizou e não perdia por nada nesse mundo suas tardes e noites de boêmia com os amigos na Plataforma, quando por aqui estava. Ele até batizou o frango atropelado, um galeto desossado na brasa, enquanto ocupava a mesa do lado esquerdo da entrada da churrascaria, conversando com o dono Alberico Campana.
Nascido na Tijuca, a 25 de janeiro de 1927, Tonzinho como o chamava o poetinha e compositor Vinicius de Moraes, seu grande parceiro e amigo, com um ano foi morar em Ipanema, bairro que ele tanto amou e tornou famoso devido uma garota linda a caminho do mar que passava pela porta do bar Veloso (hoje no Leblon) onde bebia com o poetinha. A Garota de Ipanema dos dois também viajou o planeta na voz de Frank Sinatra.
Tom é considerado o maior expoente de todos os tempos da música popular brasileira pela revista Rolling Stone e criador do movimento da bossa nova, com sua música e melodia, ao lado da poesia de Vinicius e da voz e violão de João Gilberto. Apesar disso, ele e Chico Buarque de Holanda receberam uma vaia estrondosa, no Maracanãzinho, quando ganharam a parte nacional do Festival Internacional da Canção com Sabiá, em 1968. Na verdade, a vaia era para o júri que não deu a vitória a Geraldo Vandré com Pra não dizer que não falei de flores que falava dos quartéis em plena ditadura. Tom ria, consolava o parceiro Chico e as cantoras Cynara e Cybele. Um gozador.
Seu período musical vai de 1948 até 1994 quando morreu em NY, a 8 de dezembro, de insuficiência cardíaca, aos 67 anos. Nos anos de 1962 e 1963 compôs clássicos como Samba do Avião, Só Danço Samba e Ela é Carioca (as duas com Vinícius), O Morro Não Tem Vez, Inútil Paisagem (com Aloysio de Oliveira) e Vivo Sonhando. Nos Estados Unidos gravou discos (o primeiro individual foi The Composer of Desafinado, Plays, de 1965), participou de espetáculos e fundou sua própria editora, a Corcovado Music. Em 1964, competindo com os Beatles, os Rolling Stones e Elvis Presley, Tom ganhou o Grammy de Música do Ano com a Garota de Ipanema.
Tom casou com Tereza Hermanny, teve os filhos Paulo e Elizabeth, e, depois, com Ana Jobim, foi pai de mais um casal, João Francisco (que morreu em um acidente) e Maria Luiza, também cantora. Ele era tão diferente que esnobou atrizes estrangeiras como Mylène Demongeot, mas fez uma música Lygia para um flerte com Lygia Marina, beldade da época e que casou com Fernando Sabino.
Com quase 50 anos de carreira, suas parcerias com Vinicius foram sucesso como A Felicidade, Insensatez, Se todos fossem iguais a você, Água de beber, Dindi. Ele gravou 13 discos solos e 25 em parceria ou colaboração com Dorival Caymmi, Frank Sinatra, Edu Lobo, Elis Regina, Miúcha e Vinicius.Tom projetou a nossa música no exterior, virou nome do nosso aerporto internacional e quis ser enterrado no Rio, no cemitério São João Batista.
Aí estão algumas de suas frases que ficaram famosas. Mais carioca impossível:
– Volto para me aporrinhar. Para responder a esse tipo de pergunta. Para ser um dos 5% de brasileiros que pagam imposto de renda. Para perder o apetite ou morrer de indigestão. Volto porque nunca saí daqui.
-Este é um país em que as prostitutas gozam, os traficantes cheiram e em que um carro usado vale mais que um carro novo. É ou não é um país de cabeça para baixo?
– Sabe o que é melhor que ser bandalho ou galinha? Amar. O amor é a verdadeira sacanagem.
– Nenhuma situação é tão complicada que uma mulher não possa piorar
– No Brasil, sucesso é ofensa pessoal.
– Quando me casei descobri a felicidade. Mas aí já era tarde demais.
– Mulher chega a um ponto em que quebra garrafa de whisky na pia. Vocês sabem o que elas fazem… É a revolta, né? Mas não adianta, a gente compra mais.
– O Brasil não é para principiantes.