06/11/2024
Por José Trajano, do Conselho Consultivo da ABI
Beque parado era o nome do zagueiro no antigo futebol de salão.
Hoje em dia, o beque parado não é mais o zagueiro, mas sim o estilo de reportagem da moda no jornalismo esportivo.
Praticamente sem sair do lugar, o repórter faz os questionários de isso ou aquilo e pronto! Missão cumprida!
O pauteiro e o chefe batem palmas e ficam felizes porque não se gastou um centavo com passagem, combustível, hospedagem e diária. Claro que nas coberturas especiais o esquema funciona diferente.
O repórter precisa ficar na rua, atrás de personagens e de boas histórias. Sentir a brisa que a informação traz. Ele precisa ouvir, ver, confrontar, pôr os pés no barro, como conta o bravo Ricardo Kotscho em entrevista a Chico Pinheiro no ICL.
Alguns poucos ainda saem atrás, lutam por isso, não ficam apenas no celular falando com as ‘fontes’, e assim conseguem boas matérias. O setorista saiu da toca, e voltou a ter lugar, porque mesmo em um esquema radiofônico com imagens, ele/ela apura e transmite a notícia do seu jeito.
O que me aflige é o modismo intenso do jornalismo beque parado, a vitória da preguiça e do menor esforço, a tentativa de retorno à leifertização do jornalismo esportivo.
Aplaudo quando pintam reportagens bem produzidas e enriquecedoras. E comentários bem embasados , com pesquisa e informação. O comentarista é e pode ser sempre o repórter que comenta, porque ele precisa se preparar para estar ali. Alguns não, mas não vem ao caso agora.
Esse texto não é uma ode ao saudosismo. Não é a malhação do Judas do isso ou aquilo. É apenas uma lembrança ao que chamávamos nos velhos tempos de jornalismo.