29/01/2024
Morreu nesta segunda-feira (29), aos 84 anos, um dos principais nomes da diplomacia brasileira, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães. De 2003 a 2009, ele foi secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, que tinha Celso Amorim como titular. Também foi ministro-chefe de Assuntos Estratégicos entre 2009 e 2010.
Ele entrou no Itamaraty em 1963. Era bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestre em Economia pela Universidade de Boston. Em 2006, recebeu da União Brasileira de Escritores o Troféu Juca Pato como Intelectual do Ano.
Era vice-presidente da Embrafilme quando foi lançado o filme Pra Frente, Brasil (1982), que denunciava torturas na ditadura. Ele e o amigo Celso Amorim, presidente da instituição, deixaram o cargo.
A causa da morte ainda não foi divulgada. O velório será realizado na próxima quarta-feira (31), no próprio Itamaraty.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou pesar pela morte do embaixador. “Ao longo da vida defendeu o desenvolvimento, a democracia e as causas populares, resistindo a diversas tentativas de interferência externa no nosso país e atuando para uma política externa ativa e altiva, na promoção dos interesses e da soberania brasileira.”
Ainda segundo a nota do Planalto, Samuel Guimarães escreveu livros como Quinhentos Anos de Periferia e Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes, “onde registrou e compartilhou suas reflexões sobre geopolítica e o lugar do Brasil nas relações internacionais”.
‘Talvez o maior de sua geração’
“Trata-se de um dos maiores diplomatas da sua geração, talvez o maior”, escreveu no ano passado o economista e escritor Paulo Nogueira Batista Jr., em artigo para o Brasil de Fato. “Mas como, pode-se perguntar, se ele não foi ministro das Relações Exteriores, nem embaixador em Washington ou outros postos prestigiados do chamado circuito Elizabeth Arden? (…) Além de ser um excepcional servidor público, Samuel construiu e constrói uma vasta obra intelectual. Não é um simples burocrata, como são muitos dos seus colegas, nem um simples contador de histórias, como eu, mas um pensador, um pensador do Brasil e das relações internacionais.”
“Um intelectual da ação que sabia o significado de soberania e de combate ao imperialismo”, afirmou pelas redes sociais o professor Gilberto Maringoni, da Universidade Federal do ABC. “Um de nossos mais completos diplomatas. Juntamente com Celso Amorim e Marco Aurélio Garcia formou a Era de Ouro da política externa brasileira.”
Entre 2011 e 2012, o diplomata ocupou o cargo de alto representante geral do Mercosul. Também foi conselheiro na Missão do Brasil nas Nações Unidas, chefe da Divisão Econômica para a América Latina e chefe do Departamento Econômico do Itamaraty.
A ABI lamenta a sua morte e envia suas condolências a todos os seus familiares e amigos. Sua morte é uma grande perda para a diplomacia brasileira.