Por Igor Waltz*
15/01/2015
Nesta quinta-feira, 15 de janeiro, foram realizados os funerais dos chargistas mortos no ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, em cerimônias privadas. Segundo o Le Monde, o desenhista Georges Wolinski, considerado um dos maiores nomes da charge na França, foi cremado no cemitério de Père-Lachaise, em Paris, e suas cinzas descansarão em Montparnasse.
O chargista Tignous recebeu uma homenagem pública às 11h30 local (8h30, no horário de Brasília), na prefeitura de Montreuil, cidade onde residia nos arredores de Paris, antes de ser enterrado em Père-Lachaise, às 15h30 local.
Também foram enterrados nesta quinta-feira os corpos de Elsa Cayat, psicanalista que escrevia uma coluna no jornal; do policial que protegia a sede do Charlie Hebdo, Franck Brinsolaro; e do economista Bernard Maris, que escrevia para a publicação.
O corpo do chargista Jean Cabu foi enterrado em uma cerimônia privada na última quarta-feira, 14 de janeiro, em sua cidade natal de Châlons-en-Champagne, no nordeste da França.
Na sexta-feira, dia 16, serão enterrados os corpos do diretor do jornal, Stéphane Charbonnier, mais conhecido como “Charb”, do chargista Honoré e do corretor Mustapha Ourrad.
Organizações terroristas
O ataque, que deixou 12 mortos, foi reivindicado nesta quarta-feira pela Al-Qaeda no Iêmen, que atribuiu a ação a uma ‘vingança’ pelas caricaturas do profeta Maomé. Em um vídeo no YouTube, o líder da organização terrorista no país, Nasser bin Ali al-Ansi, assumiu a responsabilidade pelo episódio que classificou como a “abençoada Batalha de Paris”.
Ele acrescentou, sem dar mais detalhes, que o ataque foi realizado para “pôr em prática” a ordem do líder geral da Al Qaeda, Ayman al-Zawahri, que fez um chamado por ataques de muçulmanos ao Ocidente, utilizando quaisquer meios que possam encontrar.
A Al Qaeda no Iêmen é liderada por Nasser al-Wuhayshi, que também é o número 2 de Zawahri na hierarquia mundial da rede. “Nós fizemos isso em conformidade com o comando de Deus e em apoio a seu mensageiro, que a paz esteja com ele”, acrescentou Ansi.
Outras organizações terroristas, como o Talibã e o Estado Islâmico também se manifestaram em repúdio à capa da mais nova edição da Charlie Hebdo, no qual o profeta Maomé é retratado chorando. Em boletim informativo da rádio do EI na internet, a Al Bayan, o locutor disse que o “Charlie Hebdo publicou caricaturas que mais uma vez dizem respeito ao profeta e essa é uma ação muito estúpida”.
Também em um comunicado na internet, o Emirado Islâmico do Afeganistão, nome oficial dos talibãs, criticou a publicação das novas charges e felicitaram os autores do atentado da semana passada contra o jornal satírico francês.
Os talibãs não haviam reagido oficialmente desde o atentado cometido na semana passada, classificado de “ato terrorista” pelo presidente afegão Ashraf Ghani. Na última sexta-feira, dia 9, centenas de pessoas se reuniram na província de Uruzgán, no sul do país, para elogiar os autores do massacre na redação da revista satírica.
No vizinho Paquistão, em Peshawar, 60 pessoas se manifestaram nesta semana para felicitar os irmãos Kouachi.
Com informações da Reuters, da Agência Brasil e da AFP.