Vida e obra de Tancredo Neves em vídeo


14/11/2008


Nesta quinta-feira, dia 13, o Cine ABI prestou homenagem ao primeiro civil escolhido para ser Presidente após a ditadura militar com a exibição do documentário “Tancredo Neves — O mensageiro da liberdade”. O longa-metragem faz parte da série “Grandes brasileiros”, de Fernando Barbosa Lima, que enfocou a vida e a obra de várias personalidades importantes no cenário nacional, como Sérgio Cabral, Darcy Ribeiro e Barbosa Lima Sobrinho.

O filme aborda a trajetória política do mineiro Tancredo desde 1935, quando se tornou Vereador de São João Del Rey, sua cidade natal, até em 1985, quando foi escolhido para ser Presidente da República, cargo que não chegou a assumir, pois morreu um dia antes da data marcada para a posse.

Conciliador

Depoimentos de parentes como o filho Tancredo Augusto Neves Filho e o neto Aécio Neves, hoje Governador de Minas Gerais, e de políticos contemporâneos do homenageado, como José Sarney, Fernando Henrique Cardoso, Antônio Carlos Magalhães, José Serra e Francisco Dornelles, ajudam a traçar o perfil de Tancredo:
— Com certeza o processo de redemocratização do Brasil aconteceria mesmo sem a contribuição de Tancredo, mas, com seu jeito conciliador, o processo foi acelerado. Ele foi um atalho para a abertura política — diz Antônio Britto, que foi seu porta-voz.

A opinião é endossada por Paulo Henrique Santos, espectador assíduo das sessões do Cine ABI:
— Na época, algumas correntes de direita insistiam na permanência do regime autoritário e Tancredo, com sua experiência política e capacidade conciliatória, contribuiu decisivamente para a transição do regime autoritário para a democracia.

Diretas

Paulo Henrique acha importantes os documentários que abordam a história política brasileira, dizendo que “o cidadão que não a conhece é facilmente usado como massa de manobra”.
— O pior tipo de analfabetismo é o político, e este filme mostra um pouco da história de um dos últimos políticos brasileiros que realmente deram uma grande contribuição ao povo deste País.

Os grandes comícios da campanha Diretas Já, ocorridos em 85, foram lembrados por Paulo Henrique, assim como a decepção do povo com o veto da emenda Dante de Oliveira:
— Lembro de um comício na Candelária que reuniu 1 milhão de pessoas da igreja até a Central. Estava presente com minha família e fiquei dez horas em pé, acompanhando a votação da emenda no Congresso Nacional. Só fui embora após o último parlamentar se pronunciar e tive a maior decepção, como todos os outros que estavam ali, quando foi anunciado que não teríamos eleições diretas para Presidente. Havia muita gente desolada, chorando. Infelizmente, hoje o povo brasileiro não tem a capacidade de mobilização que tinha há algumas décadas, e isso explica o nível cada vez mais baixo dos políticos que nos governam. O povo merece os políticos que tem, mas não o País que tem.

Devido ao feriado, não haverá Cine ABI no dia 20. Na semana seguinte, ele dá lugar à mostra dos filmes que concorrerão ao Prêmio Fernando Barbosa Lima dos Estudantes de Cinema, cuja entrega será no próximo dia 28. As sessões, sempre com entrada franca, ocorrem na Sala Belisário de Souza, no 7º andar do edifício-sede da ABI (Rua Araújo Porto Alegre, 71 — Centro do Rio).