Venezuela retém jornalistas para cobertura de protesto


27/10/2016


Jornalistas peruanos da rede mexicana Televisa no aeroporto de Caracas - Reprodução Twitter

Jornalistas peruanos da rede mexicana Televisa no aeroporto de Caracas – Reprodução Twitter

 

O jornal O Globo publicou que as autoridades venezuelanas retiveram no aeroporto de Caracas quatro jornalistas peruanos e um fotógrafo argentino que iriam cobrir um mega-protesto da oposição nesta quarta-feira (26). Uma fonte diplomática informou a familiares que os repórteres seriam deportados nas próximas horas.

A reportagem acrescenta que os jornalistas retidos são Ricardo Burgos, Leonidas Chávez e Armando Muñoz, da rede mexicana Televisa, o fotógrafo peruano Ricardo Venegas e também o fotógrafo argentino da agência AP Rodrigo Abd. Um deles assegurou que a equipe será enviada de volta a Lima.

“Incrível, fomos expulsos do país vizinho. Em muitas ocasiões senti nó na garganta ante tanta injustiça, e hoje senti cair a guilhotina no meu pescoço”, desabafou Leonidas Chávez no Facebook.

De acordo com o embaixador do Peru em Caracas, Mario López, os jornalistas estão bem.

“As autoridades venezuelanas são muito rigorosas na aplicação da lei do trabalho e da entrada de jornalistas ao seu país”, disse López à rádio peruana RPP. “Estamos fazendo esforços, tanto no âmbito da embaixada como no do consulado para que eles possam permitir a entrada na Venezuela. Eu quero sinalizar e ser enfático que eles não sofreram qualquer agressão.”
Paola Burgos, filha do jornalista Ricardo Burgos, revelou uma gravação de áudio na qual o pai diz que a equipe viajou à Venezuela para cobrir a marcha programada para esta quarta-feira contra o governo Nicolás Maduro.

O jornal destaca ainda que a oposição da Venezuela tentou nesta quarta-feira demonstrar sua força nas ruas, com manifestações em todo o país, depois do duro golpe que sofreu com a suspensão do processo de referendo revogatório que lidera contra Maduro, situação que elevou a crise política.

A coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) convocou os opositores a uma “Tomada da Venezuela”, no que deve ser o primeiro de três dias para a coleta de quatro milhões de assinaturas (20% do padrão eleitoral), último passo antes da convocação do referendo. Com a campanha, a oposição espera deixar em evidência a rejeição da população ao governo de Maduro.

Mas o processo foi suspenso na semana passada por decisão de tribunais penais regionais, que aceitaram denúncias de fraude do governo na primeira etapa de coleta das assinaturas de 1% do padrão eleitoral, necessárias para autorizar a fase seguinte de registro de 20% das assinaturas do padrão eleitoral.