14/08/2015
A diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura(Unesco), Irina Bokova, condenou a morte do radialista ocorrida no último dia 6, em Camocim, no Ceará. Nesta quinta-feira, dia 13, milhares de moradores e autoridades de Granja-CE protestaram nas ruas contra o crime.
— Jornalistas representam a voz do povo. Quando se faz uso da violência para silenciá-los, a sociedade como um todo sofre. Conclamo as autoridades a investigarem este crime para que os responsáveis sejam julgados e punidos de acordo com as disposições legais do Brasil.
Nesta quinta-feira, dia 13, uma passeata reuniu cerca de 10 mil moradores e autoridades de Camocim, Martinópole e Granja, entre outros municípios vizinhos, em homenagem a Gleydson Carvalho, diretor e locutor da Rádio Liberdade, executado com dois tiros no final da manhã do dia 6, quando apresentava o programa musical da emissora. Baleado na cabeça e no peito, Gleydson Carvalho foi levado com vida ao Hospital Murilo Aguiar, onde morreu pouco tempo depois. Conhecido por fazer denúncias contra políticos locais, o radialista vinha recebendo ameaças de morte.
Natural de Fortaleza, Gleydson Carvalho deixou mulher e duas filhas. Ele iniciou a carreira na antiga Rádio Comunitária Interativa FM, de Camocim, em 2000, e, desde então, trabalhou em diversas emissoras do Ceará.
A Associação Brasileira de Imprensa(ABI) enviou carta ao ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, exigindo celeridade e rigor na investigação, e alertando para a escalada da violência contra profissionais de imprensa no Brasil.
O vice-presidente da Associação Cearense de Emissoras de Rádio e Televisão (Acert), Edilmar Norões, divulgou nota de repúdio ao assassinato: “Tal crime deixa a categoria apavorada. Batemos na porta da Justiça e dos órgãos de segurança e eles nos deram certeza da celeridade das investigações”.
A Prefeitura de Camocim também se pronunciou sobre o crime: “Com profundo pesar lamentamos o falecimento do radialista Gleydson Carvalho. Infelizmente, hoje silenciaram uma das mais importantes vozes de nossa Região, de uma maneira trágica e banal. Esperamos que nossas autoridades policiais encontrem e punam os que responsáveis por tamanha atrocidade.”
*Com Unesco, O Povo Online, G1
Rio, 11 de agosto de 2015
NOTA OFICIAL
“A Associação Brasileira de Imprensa recebeu como um insulto ao Estado de Direito e apologia ao crime os comentários do Deputado Estadual Manoel Ducca (PROS/CE) proferidos, em tom de deboche e regozijo, após a execução a tiros do radialista Gleydson Carvalho, nos estúdios da rádio FM Liberdade 903, no interior do Ceará. O deputado exerce o cargo de 2º secretário da Assembléia e referiu-se à vítima, publicamente, com escárnio: “esse aí não valia nada (…) Não só digo, como assino embaixo”.
A ABI exige que a Assembléia Legislativa do Ceará submeta o Deputado Manuel Ducca a julgamento pelo Conselho de Ética por falta de decoro, como determina o Regimento Interno da Casa, sob pena de coonestar manifestação que enodoa a imagem da instituição e denigre a atividade parlamentar. A intervenção do deputado, ao estimular e legitimar a violência contra jornalistas, exige rápida e enérgica intervenção do Poder Legislativo do Ceará. Esse episódio deplorável ocorre dias depois de a ABI, Fenaj e outras entidades solicitarem audiência ao Ministro da Justiça para discutir a onda de assassinatos contra profissionais de imprensa ocorrida no país, nas últimas semanas.
Quinta-feira passada, a ABI dirigiu-se ao Governo do Estado do Ceará pedindo que morte de Gleydson Carvalho fosse investigada com o máximo rigor e seus autores punidos de forma exemplar, por entender que esse tipo de crime representa um ataque à liberdade de imprensa e ao direito de livre expressão, além de também representar grave ameaça a própria Democracia, nesta quadra particularmente delicada da vida brasileira.
Domingos Meirelles
Presidente da ABI”