22/07/2008
Cláudia Souza |
Alunos do curso de Arquitetura da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) |
O edifício-sede da ABI, palco de luta pela democracia e a liberdade de imprensa no País, é também um marco na história da arquitetura brasileira. Construído na década de 30, com projeto dos irmãos Marcelo e Milton Roberto, o grande símbolo da arquitetura moderna brasileira, é citado no livro “Quando o Brasil era moderno”, do arquiteto Lauro Cavalcanti, como o primeiro arranha-céu modernista do mundo.
Dada à sua relevância no contexto arquitetônico internacional, o edifício-sede da ABI recebe milhares de visitantes desde a inauguração no final da década de 30.
Nesta terça-feira, dia 22, 35 alunos, do 4º ao 8º período do curso de Arquitetura da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) — localizada no município de mesmo nome — no Rio Grande do Sul, conheceram a Associação. Acompanhados do professor de Projetos Alex Carvalho Brino,o grupo percorreu as dependências do prédio.
—Tenho estado na ABI diversas vezes nos últimos dez anos. Com objetivo didático, sempre organizo grupos de alunos para ver de perto o grande símbolo da Escola Carioca da arquitetura moderna. A última vez foi no ano passado, explica Alex Brino.
De acordo com o professor, o roteiro desta visita ao Rio de Janeiro está focado nas construções dos anos 30 aos 60, que representaram o auge da arquitetura moderna no País, com destaque para as obras de Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Afonso Eduardo Reidy, Marcelo e Milton Roberto. Além do prédio da ABI, os alunos vão percorrer o Palácio Gustavo Capanema, o aeroporto Santos Dumont, a sede do Jóquey Clube, o Iperj e alguns prédios que hoje abrigam agências bancárias.
Brise-soleil
A aula de Arquitetura na ABI teve início no 7º andar, onde o professor chamou a atenção para uma das principais características do edifício: o brise-soleil, quebra-sol que substitui as janelas tradicionais. O recurso, utilizado pela primeira vez no Brasil na construção da sede da ABI, foi criado pelo arquiteto Le Corbusier para resolver o problema do excesso de luz”.
— A proteção do clima representou uma inovação à época. O conforto térmico foi uma solução importante para o Rio de Janeiro, onde a incidência solar é muito grande. A fachada do prédio apresenta o quebra-sol, que cobre todos os andares. É importante perceber como se materializa historicamente o início da especulação dos irmãos Roberto na questão solar, e ainda a contemporaneidade e a leveza da construção.
O auditório Oscar Guanabarino, localizado no 9º andar do prédio, foi o segundo ponto explorado pelos visitantes. Segundo Alex Brino, o espaço está de acordo com a lógica da arquitetura moderna na busca pelo elemento puro, apresentando uma acomodação funcional e volumétrica.
No 11º andar, os alunos conheceram o Salão Villa-Lobos, amplo espaço dedicado ao convívio social dos membros da entidade. Ali, o professor reforçou os argumentos técnicos relacionados à aplicação do brise-soleil na estrutura.
Patrícia Lopes, Alex Brino e Douglas Henkes |
Entre as características que marcam a evolução da arquitetura moderna, os alunos da Unics puderam observar o espaço que outrora abrigou o teto-jardim, no 13º andar, planejado pelo paisagista Burle Marx.
Douglas Henkes, 21 anos, aluno do 8º período da Unisc, destacou o pioneirismo do projeto dos irmãos Roberto.
— Gostei muito da mistura de materiais como concreto, madeira e placas de alumínio, além da manutenção das características originais. O traçado do auditório também foi muito bem elaborado.
Patrícia Lopes da Silva, 21 anos, aluna do 8º período, elogiou a visita à ABI:
— Estamos no segundo dia do tour de arquitetura no Rio de Janeiro. Na minha opinião, a sede da ABI é a construção mais bonita. Destaco a conservação do projeto original, e a preservação das soluções de iluminação, energia e conforto térmico. Este edifício será um excelente referencial nos trabalhos que realizaremos no futuro.