03/08/2006
José Reinaldo Marques
04/08/2006
Autor de algumas das melhores séries fotográficas do acervo da Central Globo de Produção, 34 anos de idade e cinco na emissora, Renato Miranda faz parte da equipe que acompanha e registra os atores das novelas e minisséries durante as gravações, tanto nos estúdios quanto em externas no Brasil e no exterior.
Ainda pequeno, Renato insistiu com o pai para que comprasse uma enciclopédia, à venda no colégio, da revista norte-americana Time-Life — publicação que, nos anos 60, virou referência por valorizar a fotografia em suas matérias:
— Os fascículos eram divididos por assuntos específicos, como animais selvagens, insetos, nosso planeta… Ficava trancado no quarto, fascinado com as fotos que via, e não tinha a menor idéia de que existia a profissão de fotógrafo, mas comecei a querer estar naqueles locais retratados.
Decidido a seguir carreira, ele abandonou a Engenharia no último período da faculdade, na PUC-RJ:
— Até hoje não entendo por que escolhi essa opção no vestibular. Passei dez anos trabalhando numa construtora da família, mas sabia que meu futuro não estava dentro dos barracões de obra. Nessa época, tinha feito um período de Fotojornalismo, também na PUC, e comecei a fotografar como passatempo. Usava a automação para mascarar a minha ignorância sobre a operação da câmera, mas me frustrava porque, quando alguma foto boa aparecia, não entendia o motivo e não sabia reproduzi-la.
Fez, então, um curso de Fotografia atrás do outro: Básico, Preto e Branco, Iluminação, Moda e Natureza:
— Este último foi determinante. O professor, Fábio Elias, tinha sido fotógrafo da Manchete e estava montando uma empresa, a Imagens & Aventuras, para ensinar fotografia em viagens pelo mundo. Fui o primeiro aluno selecionado para o primeiro destino, Índia e Nepal. Em outubro de 2000, embarcamos rumo às páginas da minha enciclopédia da infância.
A principal lição aprendida foi que a fotografia não era tão romântica como imaginava:
— Aprendi a conviver com chuvas inesperadas, portões trancados, mau humor dos fotografados, equipamento quebrado… Ele me fez ver que não bastava apertar um botão para alcançar o padrão que admirava na National Geographic.
Um ano depois da viagem, que rendeu uma exposição, Renato foi chamado para fotografar o programa da Globo “No limite 3”, na Ilha de Marajó, a que se seguiu o “Big Brother Brasil” e outros reality shows, paralelamente a trabalhos para revistas como Elle e Terra e o caderno Ela, do Globo. Diz ele:
— Um ótimo aspecto da minha profissão é a possibilidade de viajar acompanhando as gravações. Tive a oportunidade de visitar de Moscou à Floresta Amazônica.
Para Renato, o fotojornalista brasileiro “é um abnegado apaixonado pela profissão”:
— Porém, mesmo sendo obrigado a lidar com a urgência no dia-a-dia, não me arrependo nem por um segundo de ter trocado a engenharia pela fotografia. Ainda sou um novato, mas acho ótimo sair de uma cena de novela de época para uma contemporânea, seguir para uma minissérie de realismo fantástico e no dia seguinte viajar para algum lugar distante, de onde envio imagens para várias revistas, colunas e jornais do Rio e de São Paulo, cada qual com um gosto específico. Tem sido uma ótima escola.
Enquanto vai amadurecendo profissionalmente, Renato procura também se especializar em fotos da natureza, sua paixão infantil:
— Acho incrível que nosso País, com seu imenso potencial natural, remunere tão mal os fotógrafos que se especializaram nesse tema. Nas viagens que faço, acabo tirando os momentos de folga para pesquisar os problemas ambientais locais, geralmente desconhecidos pela maioria da população.
Atualmente, além de selecionar material para a mostra individual “Falsas imagens”, ele trabalha num projeto sobre a desertificação no Brasil:
— É um problema que atinge um quarto das áreas produtoras de alimentos no mundo e que aqui prejudica cerca de 45 milhões de nordestinos. Pretendo mostrar, com fotos, os desdobramentos do problema.
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