Por Claudia Sanches*
03/11/2015
Nesta segunda-feira, as Nações Unidas marcaram o Dia Internacional de Combate à Impunidade de Crimes Cometidos contra Jornalistas com o lançamento do relatório Tendências Mundiais sobre Liberdade de Expressão e Desenvolvimento dos Meios 2015.
A data foi escolhida para lembrar o assassinato de dois jornalistas, Gislaine Dupont e Claude Verlon, no Mali, em 2 de novembro do ano passado. A RSF renomeou 12 ruas de Paris em protesto aos homicídios, torturas e desaparecimento de profissionais de imprensa em todo o mundo.
Segundo a Unesco, em média um jornalista é morto por semana no mundo e menos de 6% do total de 593 assassinatos de jornalistas (2006-2013) foram resolvidos. Entre 2013 e 2014, 178 profissionais de imprensa foram mortos – 87 somente em 2014.
Os registros foram apresentados durante um evento para comemorar o Dia Internacional para acabar com a impunidade de crimes contra jornalistas, realizada na sede da Unesco, em Paris.
De acordo com a Diretora-Geral da Unesco, Irina Bokova, é preciso dar relevância à defesa dos profissionais de imprensa e do direito à informação: “Toda vez que um jornalista é morto, eu me levanto e pedem justiça rápida”, disse Bokova.
Delphine Halgand, diretora da ONG em Washington pediu, na sessão na sede das Nações Unidas em Paris, que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon indique um representante especial para dedicar-se ao tema de segurança dos jornalistas. “Somente um representante especial trabalhando junto com o secretário-geral terá a força política e legitimidade para promover a mudança. Apesar dos esforços, muito mais deveria ser feito para acabar com a impunidade e proteger os jornalistas. Ouvimos diariamente novos casos de jornalistas mortos, isso é extremamente preocupante”, afirmou.
Para a embaixadora representante da ONU na Lituânia, Raimonda Murmokaité, o assassinato de jornalistas deveria ser considerado um crime de guerra. “A falta de transparência, em que 95% dos casos saem impunes, é um passe livre para matar jornalistas. E demonstra o quão perigosa é esta profissão, muitos pagam o preço pelo direito que temos de ter acesso à informação”.
Dia Internacional de Combate à Impunidade de Crimes Cometidos contra Jornalistas
A Repórteres sem Fronteiras (RSF) informou nesta segunda-feira (2) que, na última década, foram registradas mais de 700 mortes de profissionais de imprensa. Segundo a ONG, jornalistas assassinados ou torturados são uma tendência crescente no mundo.
A diretora do RSF lembrou que apenas metade dos países onde jornalistas foram mortos recentemente respondeu às solicitações da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) sobre as circunstâncias das mortes destes profissionais. “Irã, Iraque, Mali e Rússia são alguns dos países que não responderam ao pedido da Unesco. Agora é hora de ação e de uma verdadeira mudança”, disse.
O diretor do Centro Knight para Jornalismo nas Américas na Universidade de Austin, no Texas, o brasileiro Rosenthal Alves informou que a maioria das mortes é de profissionais homens. “Dos 178 assassinatos, 92% são jornalistas homens. As regiões mais perigosas para se trabalhar no mundo hoje são o Médio Oriente e a América Latina”.
O mundo árabe teve 64 profissionais de imprensa mortos entre 2013 e 2014. Já na América Latina, foram 51 casos; na Ásia e Pacífico, 30; e na África, 23. A maioria das mortes ocorreram com profissionais de televisão, com 64, seguido dos profissionais da imprensa escrita e fotógrafos (61) e rádio (50).
Números no Brasil
*Fonte: Unesco