Diante de dezenas de amigos e companheiros reunidos na missa de sétimo dia na Igreja de Santa Mônica, no Leblon, Zona Sul do Rio, em 8 de janeiro corrente, a filha do jornalista Adriano Barbosa, Tânia Barbosa, fez uma comovida e comovente evocação de seu pai, por ela definido como “homem de fé, de estudo, das letras e da palavra; de cultura e conhecimentos infindáveis; de memória incalculável”.
Lida com grande emoção, que se transmitiu aos presentes, dizia a oração de Tânia Barbosa:
“Em meu nome e de minha família, agradeço as orações e manifestações de carinho, solidariedade de cada um de vocês. Sei que meu pai, Adriano Barbosa, deixará enorme vazio em nossas vidas, por tudo que ele significa e representa para nós: homem de fé; de estudo, das letras e da palavra; de cultura, e conhecimentos infindáveis; de memória incalculável, relatava fatos históricos ou corriqueiros com preciosismo nos detalhes; grande amigo de todos os momentos; guerreiro, na luta pelas causas em que acreditava; amor pelos animais, incondicional, principalmente, por seu companheiro, o Nicky, que partiu e lhe deixou imensa dor. Muitas vezes, afirmava: ”aos animais tudo, eles já vieram prontos, nem precisam falar”, mas, em relação à humanidade, dizia, “ah… ainda tem que aprender muito”. Tinha sabedoria e prazer perante a vida; foi profissional que marcou seu tempo, com “ótica especialíssima, de implacável lucidez para contemplar e narrar os fatos, as figuras, os mitos de sua época”, escreveu Nelson Rodrigues, no prefácio de um de seus livros. Apesar de ocupar funções de destaque em jornais e revistas, com sua simplicidade, costumava fazer uma síntese de tudo isso, em uma palavra que, em sua opinião, definia o jornalista: “Sou um repórter.” Sua simplicidade, humildade em essência, foi definida por amiga que muito lhe amava: ”Há estrelas que brilham fulgurantes, mesmo que tentem ficar escondidas. Assim é Adriano Barbosa, que deixa sua marca de verdade, justiça, fraternidade. Homem de caráter e honestidade inquestionáveis.”
Essas qualidades, que determinaram sua natureza, seu modo de ser, o transformaram num encantador de pessoas. Quanta consternação, carinho e admiração nos foram demonstrados, por todos que o conheciam, nesses dias de pesar e falta. Quanto amor!
Seus passos não marcarão mais as ruas do Leblon, mas ele ficará eternizado em nossas lembranças e em nossos corações. Partilho com vocês trecho da mensagem que escreveu para a família, e que, certamente, encaminharia aos amigos: “MEDITEM, OREM, VIGIEM, enquanto vou sumindo nas brumas da eternidade…”
Tenho convicção de que meu pai não gostaria que saíssemos desta celebração tristes, com a alma partida. E, como prova disso, segue a mensagem, de Santo Agostinho, que mantinha em sua cabeceira, e que nos deixou:
“A morte não é nada,
eu apenas passei para o outro lado do caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês eu continuarei sendo.
Deem-me o nome que vocês sempre me deram,
falem comigo como sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas,
e eu estou vivendo no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene ou triste,
continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra ou tristeza.
A vida significa tudo o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Por que eu estaria fora dos seus pensamentos
agora que estou apenas fora de suas vidas?
Eu não estou longe,
apenas estou do outro lado do caminho…
Você que aí ficou, siga em frente.
A vida continua…
LINDA E BELA COMO SEMPRE FOI.”
Pai, a missão que lhe coube, por decisão divina, foi digna e exemplarmente cumprida. Fique em paz!
Da filha que o ama, o admira e foi, em todos os sentidos, encantada por você. (a) Tânia.”