04/11/2022
Por José Reinaldo Carvalho, da Comissão de Relações Internacionais da ABI, em Brasil 247
Como já era esperado, nesta quinta-feira (3), mais uma vez o mundo rechaçou o cruel bloqueio a Cuba, política inominável e indefensável que o imperialismo estadunidense sustenta contra a ilha socialista caribenha há mais de seis décadas.
Vale ressaltar em primeiro lugar que a votação foi esmagadora, com 185 países votando a favor da Resolução apresentada pelo Governo Revolucionário Cubano. Apenas seu aliado incondicional, o Estado sionista israelense, acompanhou os Estados Unidos votando contra. O Brasil do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições presidenciais para o amigo de Cuba Luiz Inácio Lula da Silva, e a Ucrânia, país lacaio dos Estados Unidos e da Otan, se abstiveram.
A vitória de Cuba, que se repete pela 30ª vez consecutiva nas Nações Unidas, demonstra como são justas as razões desse país, que se distingue no concerto internacional por seu apego à autodeterminação, pela justiça social que pratica em seu território e pela solidariedade internacionalista para com os povos do mundo.
Ao associar-nos a mais esse triunfo político e diplomático de Cuba, queremos agora salientar brevemente uma característica da ação deiplomática cubana, como reflexo da têmpera revolucionária de seu povo, do Governo Revolucionário e da sua Organização de vanguarda, o Partido Comunista.
Fidel foi um Líder que contribuiu destacadamente para amplificar a voz do povo cubano no mundo e, ao fazê-lo, manifestou também os anseios de toda a humanidade pela prevalência do direito à autodeterminação e da prática da solidariedade entre os povos. “Pátria é Humanidade” – esta ideia original ecoou no imponente salão de plenárias da ONU.
Ali ecoou também a luta épica do povo cubano contra o imperialismo estadunidense, que tentou e tenta de todas as maneiras estrangular a nação, luta na qual esse povo sempre esteve unido com os povos irmãos, oprimidos e golpeados pela mesma potência imperialista.
A nova geração que lidera o Partido é herdeira das melhores tradições revolucionárias e é capaz de levar adiante o atual empreendimento porque está imbuída da firmeza ideológica que sempre prevaleceu no país na época da Revolução. O imperialismo estadunidense sempre nutriu a ilusão de derrocar o Partido Comunista e o Governo Revolucionário. Não conseguiu, mesmo no momento mais agudo em que no mundo era considerado uma virtude capitular.
Não me sai da memória aquele momento quando, no início dos anos 1990, a contrarrevolução grassava em toda a parte. Estava em voga vaticinar que o socialismo em Cuba desapareceria no “efeito dominó” da derrocada dos governos socialistas em países do Leste europeu. Soldado e comandante da luta das ideias, dizia Fidel perante boquiabertos jornalistas: “Cuba é o símbolo da resistência. Cuba é o símbolo da defesa firme e intransigente das ideias revolucionárias. Cuba é o símbolo da defesa dos princípios revolucionários. Cuba é o símbolo da defesa do socialismo” (…) “O povo cubano vai saber estar à altura de sua responsabilidade histórica”… “E aqueles que mudaram de nome, não sei a quem vão enganar com isso! Imaginem que amanhã nós mudemos de nome e digamos: Senhores, o congresso aprovou que em vez de Partido Comunista de Cuba nos chamemos Partido Socialista de Cuba, ou Partido Social-Democrata de Cuba. Vocês creem que realmente mereceríamos algum respeito? Porque os que mudam de nome são os que mudaram de ideias ou perderam toda a sua confiança nas ideias, perderam suas convicções” (3 de abril de 1990, entrevista coletiva à imprensa internacional).
Valeu a luta, sempre valerá. Este legado é valioso nas atuais ações do Governo Revolucionário cubano em defesa dos sagrados direitos do seu povo no palco internacional.
Em uma situação internacional distinta, mas não menos turbulenta e ameaçadora, o Partido Comunista de Cuba e o Governo mostram invejável capacidade de conduzir lutas complexas em condições adversas, sob a inspiração dos princípios fundadores de sua Revolução.
Cuba é um exemplo edificante de que ideologia, linha política, estratégia e tática são indissociáveis.