07/05/2013
Torturador na época em que era policial, o pastor Evangélico Átila Brandão está processando o jornalista Emiliano José por ter denunciado que ele seviciou seu filho Renato Afonso durante a ditadura.
A existência do processo foi denunciada pelo Grupo Tortura Nunca Mais da Bahia, que aponta a iniciativa como uma tentativa de Brandão de não responder às acusações de que praticou tortura e ações policialescas durante a ditadura militar.
Em nota firmada por seu Presidente, Joviniano Neto, que é membro de Coordenação do Comitê Baiano pela Verdade diz o Grupo Tortura Nunca Mais:
“Agressão ao exercício da função de jornalista, à liberdade de manifestação e expressão, tentativa de se recusar a responder diante das acusações de tortura e ações policialescas praticadas durante a ditadura militar. Estes são os significados do processo instaurado pelo ex-policial e atualmente pastor evangélico Átila Brandão contra o professor e jornalista Emiliano José, de reconhecida atuação na área dos Direitos Humanos e na reconstituição do passado militar.
O Grupo Tortura Nunca Mais – Bahia na condição de continuador da luta pela Anistia e membro da coordenação do CBV – Comitê Baiano pela Verdade, denuncia ao povo brasileiro esta ação como mais uma das que tentam impedir a reconstituição da verdadeira História do Brasil. Esta reconstituição é tarefa que o GTNM-Bahia sempre assumiu e que agora deverá contar com a ação da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão Estadual a ser implantada pelo governo da Bahia. Passando aos fatos que motivaram o processo.
Jornalista e pesquisador, Emiliano José publicou no jornal A Tarde (11/02/2013) matéria intitulada “A premonição de Yaiá”, na qual ele fala da tortura praticada em seu filho Renato Afonso, por equipe chefiada por Átila Brandão. Um jornalista tem direito de elaborar matérias e reportagens sobre temas relevantes. E tentar incriminá-lo por isto é ameaçar o próprio exercício do direito à informação. Jornalista experimentado e fiel às suas fontes, Emiliano não deixa de verificar cuidadosamente as informações em que se baseia.
Na análise do caso, publicou, inclusive, matéria (“Corpo amputado querendo se recompor”) no site da conceituada revista CartaCapital (08/04/2013) em que o próprio Renato Afonso confirma as agressões sofridas de parte de Átila Brandão, com o qual já havia se defrontado quando estudante na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia – UFBA. A notícia da presença da mãe no quartel teria levado à interrupção da tortura.
A malfadada ação do ex-policial exige a reação das entidades que defendem os direitos humanos e o trabalho dos jornalistas e colocar como prioritário o exame e a reconstituição da ação do acusado que ora pretende se transformar em acusador.
Quando alguém tenta “tapar o sol com a peneira” chama a atenção para si e para a força de luz que a atravessa.”