28/12/2020
Sócia da ABI produz filme premiado em festival
Confederação dos Tamoios, a última batalha, de Carlos Pronzato e produzido pela jornalista Dulce Tupy, associada da ABI e editora do jornal O Saquá, de Saquarema, ganhou a segunda colocação de documentários do 37º Prêmio de Direitos Humanos de Jornalismo. Os jornalistas Ivan Proença, conselheiro da ABI, e Sergio Caldieri participam do filme, entre outros, além do “imortal” Antonio Torres e ativistas indígenas como a escritora Eliane Potiguara, do grupo Mulher Educação Indígena, e José Urutauhu Guajajara, da Aldeia Maracanã.
A narrativa se insere nas lutas históricas e as atuais como uma metáfora sobre a resistência indígena nos ataques da época do colonialismo, no século XVI, como no atual governo federal. Na época, diversas nações indígenas se uniram para enfrentar o invasor. O diretor argentino/brasileiro, Carlos Pronzato, é autor de diversos documentários como A guerra do gás; Marighella, quem samba, fica, quem não samba, vai embora; e Calabouço, um tiro no coração do Brasil.
As filmagens foram realizadas em Cabo Frio, Saquarema, Maricá, Rio de Janeiro e Niterói. O evento é realizado pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos com a colaboração da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio Grande do Sul e a OAB/RS.
A diretora de Cultura e Lazer da ABI, Vera Perfeito, conversou com Dulce Tupy.
Veja a seguir:
A jornalista Dulce Tupy instalou-se em Saquarema há 30 anos,fundou a Tupy Comunicações e O Saquá, publicação mensal que há 20 anos é distribuída na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro.
“Quando o Carlos Pronzato decidiu fazer o documentário veio me procurar porque também sou pesquisadora. Baseado em um dos 15 livros que publiquei, Tamoios, senhores do litoral, de Paulo Oliveira, ele fez o roteiro e filmamos em dois meses no ano passado. Sem dinheiro, fizemos na base da vaquinha.
E ele mostra que os portugueses, depois de enganarem os índios com apoio da igreja, levaram 500 guerreiros tupinambás e cortaram suas cabeças na praia de Jaconé.
Foi o final da Confederação dos Tamoios”, lembra ela.
Dulce participou de diversos movimentos estudantis nos anos 60 até que desistiu da cidade grande e foi morar em Saquarema “O Carlos Pronzato também me entrevistou para o documentário dele Calabouço, um tiro no coração do Brasil e fui a única mulher entrevistada.
Contei a ele detalhes da passeata para levar o caixão do estudante Edson Luiz, assassinado pela polícia no restaurante do Calabouço, para o cemitério, em 1968. As luzes em Botafogo foram apagadas. Enfim, a ditadura fazia horrores”, conta a jornalista.