Por Cláudia Souza*
23/10/2013
O primeiro semestre de 2013 foi o pior para jornalistas nas Américas nos últimos cinco anos, de acordo com a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). O assassinato de jornalistas e as diversas medidas de restrição ao acesso à informação na região são alguns dos motivos para o quadro. Esta foi a principal conclusão do relatório da SIP divulgado nesta terça-feira, 22, ao final da 69ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), encontro anual da entidade, realizado entre 18 e 22 de outubro, em Denver, nos Estados Unidos.
O uruguaio Claudio Paolillo, que preside a Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, manifestou preocupação com o avanço da violência nos últimos seis meses, quando foram assassinados 14 jornalistas na América Latina. Além desses casos, outros 17 registros de assassinatos de jornalistas permanecem sem solução, especialmente no México e na Colômbia.
— Os ataques aos meios de comunicação nos países latino-americanos fazem parte de um plano de poder. Estes ataques incluem a compra de meios privados em vários países por parte de candidatos e até mesmo familiares de governantes, assim como o uso de pressões econômicas ilegais para fazer com que os meios de comunicação se autocensurem, afirmou Paolillo.
Na Argentina, por exemplo, as pressões econômicas, os boicotes publicitários, as campanhas de difamação e intimidação como instrumento de coersão refletem o panorama da mídia, de acordo Daniel Dessein, do diário La Gaceta de Tucumán, representante da Argentina junto à SIP.
— Em razão deste cenário, a Comissão de Direitos Humanos (CIDH) marcou para os próximos dias uma audiência com jornalistas argentinos para avaliar o problema, disse Dessein.
Protestos
O documento brasileiro, produzido pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), mostra que de 70 casos de agressão contra jornalistas, 21 foram registrados nos protestos do Dia da Independência, e destes 85% teriam sido praticados por policiais militares.
— A demora nas investigações e no julgamento dos autores é preocupante, avaliou Mário Gusmão, vice-presidente da ANJ.
*Com informações da EFE e Knight Center for Journalism