Sede de jornal comunitário do Complexo do Alemão é atingida por incêndio


Por Cláudia Souza*

16/07/2013


Prédio que abriga a redação do jornal e a pousada no Complexo do Alemão (Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo)

Prédio que abriga a redação do jornal e a pousada no Complexo do Alemão (Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo)

O prédio que abriga a redação do jornal Voz da Comunidade e a pousada do AfroReggae, na Favela da Grota, no conjunto de favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio, foi incendiado na madrugada desta terça-feira, 16.

Os bombeiros chegaram ao local por volta das 4h40, e levaram cerca de uma hora e meia para controlar o fogo. O coordenador do AfroReggae, José Junior, acredita que o incêndio tenha sido criminoso. A área mais atingida foi a redação do jornal.

O delegado Reginaldo Guilherme, titular da 22ª DP (Penha), disse que o depoimento de uma testemunha sobre o incêndio reafirma a hipótese de crime. A testemunha contou que um rapaz, que não é conhecido na comunidade, teria entrado no prédio pelo basculante antes de começar o incêndio e acabou sendo atingido pelas chamas.

De acordo com a polícia, Wagner Moraes da Silva, de 20 anos, foi socorrido por bombeiros e levado ao Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria estadual de Saúde, ele teve cerca de 30% do corpo queimados, foi atendido, avaliado e está em observação na UTI.

— Ele é suspeito, e a hipótese mais provável é que tenha tentando simular um furto para incendiar o prédio. Ele estava dentro do prédio e contou que na hora que tentou fugir das chamas uma garrafa explodiu, informou o delegado.

Em novembro de 2010, durante a ocupação policial do Complexo do Alemão, o adolescente Rene Silva ganhou notoriedade ao relatar em tempo real, através das redes sociais, as ações do conflito. Logo depois, ele fundou o jornal Voz da Comunidade.

A pousada, localizada no mesmo prédio, seria inaugurada no dia 5 de agosto. O imóvel fazia parte do projeto da ONG para ajudar estudantes de outros estados e países hospedados no Rio a fazer projetos voluntários.

— Desde que começamos a fazer denúncias, já fui ameaçado de morte, aconteceram os tiros no dia da Corrida da Paz e tantos outros problemas. Por isso tudo, acho que o incêndio não foi coincidência, disse José Júnior.

Em fevereiro de 2012, em entrevista ao jornal Extra, o coordenador do AfroReggae acusou o pastor Marcos Pereira de ser “a mente criminosa” do Rio de Janeiro, responsável pelos ataques ocorridos no Rio, em 2006, logo após a eleição de Sérgio Cabral para governador do estado. O líder religioso foi preso em 7 de maio e responde a processos por dois estupros e coação de testemunha.

*Com informações do jornal O Globo e G1.