Por Igor Waltz*
28/06/2013
Nesta sexta-feira, 28 de junho, a Câmara Pública da Rússia anunciou que diplomatas da Rússia, Cuba, Venezuela e Equador vão se reunir na segunda-feira, 1º de julho, para discutir a situação do ex-analista de segurança foragido Edward Snowden. Segundo o porta-voz da Câmara, ativistas de direitos humanos também participarão do encontro. Enquanto isso, Snowden completou seu quinto dia em Moscou, supostamente escondido em zona de trânsito no aeroporto de Sheremetyevo.
O Parlamento da Rússia fez um convite a Snowden para colaborar nas investigações do país sobre ações de espionagem dos Estados Unidos a cidadãos russos. Snowden, acusado de vazar informações confidenciais, está à espera de uma resposta do Equador sobre um pedido de asilo político.
Edward Snowden era analista da Agência Nacional de Segurança e foi acusado nos EUA de espionagem e roubo depois de vazar detalhes sobre os programas de vigilância secretos norte-americanos para a mídia.
O governo equatoriano afirmou nesta quinta-feira, 27 de junho, que ainda não processou o pedido porque a solicitação ainda não chegou a nenhuma de suas representações diplomáticas. O ministro das Comunicações, Fernando Alvarado, afirmou que o Equador renuncia a acordos comerciais com os Estados Unidos, em resposta a uma possível retaliação americana caso seja concedido asilo político a Snowden. Alvarado disse que a ajuda dos Estados Unidas acabou virando um instrumento de chantagem e que o Equador não se curvaria diante de interesses mercantis.
A situação de Snowden, que teve o passaporte revogado pelos EUA, pode se complicar caso o Equador demore para tomar uma posição. Quando o americano chegou à Rússia, o WikiLeaks informou que o Equador tinha dado um documento de refugiado ao fugitivo, o que foi negado pelas autoridades.
Na quarta-feira, 26 de junho, o ministro das Relações Exteriores Ricardo Patiño disse o Equador poderia levar meses para decidir sobre o pedido de asilo, citando como exemplo o caso de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, que está atualmente refugiado na embaixada do Equador em Londres.
Fuga para Rússia
Ainda na quarta-feira, os Estados Unidos acusaram Hong Kong de ter simulado uma confusão sobre o nome do meio de Snowden para não detê-lo antes de sua fuga para a Rússia.
Hong Kong respondeu à demanda norte-americana de prisão de Snowden, sob a acusação de espionagem, pedindo um esclarecimento sobre o nome do meio do o ex-funcionário norte-americano. De acordo com a porta-voz do Departamento de Justiça dos EUA, devido à imagem do Snowden estar amplamente disponível nas agências de notícias, o pedido de Hong Kong para esclarecer tal informação não era genuína.
“Ao pedir mais informações sobre a sua identidade demonstra que Hong Kong estava simplesmente tentando criar um pretexto para não agir em relação ao pedido de prisão provisória”, disse a porta-voz.
A imigração de Hong Kong registrou o nome do meio de Snowden como Joseph, enquanto o governo dos EUA usou o nome James em alguns documentos. Os documentos enviados pelos Estados Unidos também não incluíam o número do passaporte de Snowden, de acordo. A porta-voz defendeu que o tratado de extradição dos EUA com Hong Kong não exige um número de passaporte para a prisão temporária.
Censura ao The Guardian
O Exército dos Estados Unidos afirmou nessa quinta-feira, 27 de junho, que o acesso ao site do jornal The Guardian foi filtrado e restringido por conta das matérias do periódico envolvendo o vazamento de informações secretas por Snowden. Gordon Van Vleet, porta-voz do setor de tecnologia do Exército americano, disse que o procedimento foi parte da rotina de “limpeza” da rede para prevenir novos vazamentos de informação classificada.
“Nós fazemos todos os esforços para balancear a necessidade de preservar o acesso à informação com segurança operacional. Entretanto, há políticas e diretrizes rigorosas em vigor para proteção e tratamento de informação classificada”, escreveu o militar.
A informação foi divulgada após denúncia do jornal Monterey Herald, de que funcionários de uma instalação militar na Califórnia tinham acesso à versão americana do site do Guardian, mas não podiam acessar o conteúdo relacionado ao vazamento de informações quando os artigos eram direcionados para a versão britânica do site.
*Com informações da agência Reuters, Portal Terra e jornal O Globo.