Por Claudia Sanches
11/01/2016
Com a alegação de que a área do Cais Mauá não é turística, um dos seguranças do local impediu que jornalistas e leitores do JÁ se reunissem na última quarta-feira, 6, na localidade entre a área do Catamarã e o pórtico central.
O grupo se reunia para debater a pauta do projeto Dossiê Cais Mauá, iniciativa que levantou mais de R$ 10 mil através de financiamento coletivo, que resultará em uma série de reportagens sobre a obra de revitalização da área.
Na abordagem, um dos vigias explicou que o acesso àquele local é permitido somente para funcionários, e que, para cumprir “ordens de cima”, não poderia permitir o encontro. A reunião havia sido marcada para acontecer na praça Edgar Schneider, que fica no limite norte do Cais Mauá, próximo à rodoviária. E a participação de leitores era uma das contrapartidas oferecidas aos que contribuíram com o financiamento do material.
Segundo o editor do jornal JÁ, Elmar Bones, a escolha do local levou em conta o desconhecimento de parte da população da Capital sobre a praça que há dentro da área do cais, completamente abandonada. Após o episódio, a turma se dirigiu ao Mercado Público para dar continuidade à reunião de pauta. No encontro foram levantados assuntos e abordagens do interesse da população sobre as obras no Cais Mauá.
Ainda segundo Bones, desde que o grupo de estrangeiros responsável pelas obras ganhou a concessão, o complexo portuário, o maior de Porto alegre, está fechado à população, que não tem acesso nem informação sobre o projeto de revitalização.
O empreendimento inclui o levantamento de duas torres para instalações de escritórios comerciais em frente ao Rio Guaíba e um shopping center que causam polêmica.
“Não chegam informações à comunidade. São questões ambientais e urbanas que interessam aos habitantes da cidade. Existem transações obscuras. Era um grupo espanhol, que se titula “Cais Mauá”, que ganhou a concessão, e passou para uma empresa canadense com a crise da Europa em 2008. Queríamos fazer um passeio pelo cais com os leitores. A orla é a área mais importante e valiosa de Porto Alegre, mas hoje o acesso a ela está muito limitado. Queremos propor uma grande discussão sobre as alternativas que existem para devolver esse espaço à população”, disse o editor da editora JÁ.
A previsão é de que após o carnaval saiam as quatro primeiras reportagens sobre o projeto de revitalização, que depois terá uma edição especial impressa. O dossiê jornalístico foi solicitado pela própria população e ambientalistas.