Por Claudia Sanches*
26/01/2016
Na próxima quinta-feira, dia 28, a Sociedade Fluminense de Fotografia, que fica em Niterói, receberá os jornalistas Aloy Jupiara e Chico Otávio, autores do livro “Os porões da contravenção — Jogo do bicho e ditadura militar: a história da aliança que profissionalizou o crime organizado”. Durante o encontro haverá um debate sobre os bastidores da contravenção no samba, na política e na Polícia do Rio de Janeiro revelados na publicação da editora Record.
A ideia do livro surgiu a partir de uma série de reportagens publicadas no O Globo no segundo semestre de 2013. Durante os dois anos seguintes eles se aprofundaram na investigação, pesquisando documentos de arquivos públicos e jornais da época e entrevistaram militares, sambistas, historiadores e advogados, entre outras fontes. Lançado no Rio em novembro, o livro já vai para a sua terceira edição. “O livro mostra o real interesse dos bicheiros em ocupar esse espaço no mundo do samba. Na época, eles tinham o forte interesse em construir uma imagem positiva no mesmo momento em que consolidavam o seu poder nas ruas às custas de muita matança”, afirmou Aloy Jupiara.
Tudo começou no fim do século XIX, sob o pretexto de arrecadar dinheiro para o Jardim Zoológico de Vila Isabel. Surgia o inofensivo jogo do bicho. Décadas mais tarde, os responsáveis pela loteria informal virariam sinônimo de ilegalidade e passariam a aterrorizar o Rio com disputas por poder e território.
“Os porões da contravenção” revela uma história ainda não contada, de como o jogo do bicho cresceu e se consolidou graças a uma parceria com agentes vinculados à ditadura militar. “Até então, era uma atividade descentralizada. O processo de profissionalização foi resultado direto da ida dos agentes da repressão para dentro desses grupos. Com eles, vieram o modelo de organização e as técnicas de violência”, diz Aloy.
O jornalista não descarta um segundo volume. Com apenas dois meses do lançamento da obra, já receberam informações que complementam o que contam no livro e abrem espaço para novas apurações.
*Informações de O Globo