A equipe de jornalistas, diagramadores e fotógrafos do jornal
Brasil Econômico decretou estado de greve nesta segunda-feira, 25 de março. Em reunião com diretores do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo – SJSP, a equipe do título de economia da Ejesa tomou a posição para tentar garantir que seus direitos trabalhistas sejam preservados enquanto aguarda as medidas que serão tomadas em relação ao futuro do jornal.
Na prática, a equipe de jornalistas e diagramadores do jornal continua cumprindo suas funções normalmente. A decisão pelo estado de greve, agora, será encaminhada ao Ministério do Trabalho e deverá passar pela avaliação de um juiz. Se considerada legítima, ela pode impedir a Ejesa de demitir os funcionários a curto prazo ou, ao menos, garantir negociações trabalhistas mais favoráveis aos envolvidos, tal como ocorreu com a equipe do Jornal da Tarde, quando o título foi extinto pelo Grupo Estado.
De acordo com o SJSP, a greve foi motivada pela falta de resposta aos ofícios enviados pela direção do Sindicato à empresa solicitando que a entidade seja avisada com 30 dias de antecedência em casos de demissão de mais de cinco trabalhadores ou mesmo da mudança de cidade.
— Assim como no JT, a empresa se utiliza da estratégia do silêncio. Mas os trabalhadores não querem ser pegos de surpresa e decidiram se mobilizar para ter garantias de que não haverá demissões, disse o diretor do Departamento Jurídico do SJSP, Paulo Zocchi.
Para André Freire, diretor-secretário do Sindicato, as demissões serão inevitáveis, mas o esforço é para que os direitos sejam garantidos. “Pedimos a negociação de prazo para transferência de 30 dias, para aqueles que vão para o Rio, e outras garantias para que os profissionais não fiquem sem respaldo”, destaca.
Desde o início do mês, a equipe do Brasil Econômico já havia realizado assembleias para cobrar um posicionamento da diretoria acerca dos rumos da publicação. Inicialmente, os funcionários não envolveram o Sindicato no assunto, mas há alguns dias, diante de novos acontecimentos e sem receber uma resposta formal da empresa, o apoio sindical foi solicitado.
Há três semanas, o novo publisher da Ejesa, Ramiro Alves, visitou a redação, em São Paulo, para comunicar os planos do título de manter a maioria de sua equipe no Rio de Janeiro, em decorrência da transferência da diretoria do jornal para a capital fluminense. De acordo com Alves, do total da equipe de aproximadamente 50 pessoas (entre jornalistas, diagramadores e fotógrafos), seriam aproveitados entre 10 e 15 funcionários, que trabalhariam na sede do Rio de Janeiro. Segundo o publisher, os interessados em mudar de cidade poderiam manifestar sua vontade, que seria avaliada pela diretoria.
Diante dessa informação, a equipe cobrou uma postura clara em relação aos cortes que seriam realizados. A Ejesa, então, criou um plano de demissão voluntária (PDV) para aqueles que quisessem se desligar da empresa, assegurando que eles teriam o pagamento de seus encargos trabalhistas garantidos. Mesmo assim, a equipe reclama que não houve explicação clara acerca dos rumos do jornal e nem do destino dos profissionais da redação de São Paulo que não desejassem mudar para o Rio. Jornalistas também reclamam das condições de trabalho atual, uma vez que os carros e taxis usados pela reportagem na apuração de pautas estão vetados há alguns dias.
A decisão pelo estado de greve foi impulsionada, também, pela notícia da demissão da editora de Empresas, Jiane Carvalho, que teria sido informada de seu desligamento via telefone, nesta segunda-feira, 25 de março, pelo editor-chefe do Brasil Econômico no Rio de Janeiro, Octávio Costa.
Os rumores de que a redação do portal iG, de propriedade do grupo portguês Ongoing, se fundiria a do Brasil Econômico continuam circulando entre os funcionários. Essa hipótese, porém, nunca foi confirmada pelos porta-vozes da Ejesa. O publisher da Ejesa, Ramiro Alves, não se manifestou sobre o ocorrido.
* Com informações do portal Meio&Mensagem e SJSP.