Carlos Tautz, da Comissão de Meio Ambiente da ABI
“Os madeireiros vão ter de entender essas coisas. E pensar nos netos e não destruir mais, para que eles possam respirar no futuro. A floresta que dá sombra e refresca a terra. A floresta que dá o ar para a gente respirar melhor”.
Assim, na sua própria língua, do tronco linguístico macro-jê (que os não indígenas insistem em chamar de “caiapó”), o cacique Raoni ensina os elementos da crise climática global, derivada principalmente do mau uso do solo e da queima de combustíveis fósseis.
Da etnia Metyktire (que alguns também ainda insistem em chamar caiapó…), Raoni/Ropni, a principal liderança política na história dos povos indígenas brasileiros, fala especialmente para o site da ABI, em uma das poucas vezes em que saiu de sua morada, a terra indígena Capoto-Jarina (MT).
Neses trechos de sua fala, colhida na sede do Instituto que leva o seu nome (instalado em Peixoto de Azevedo (MT), um dos brasileiros que melhor entendeu a emergência do paradigma conhecido como a “questão ambiental”, trata de forma direta de alguns dos principais problema enfrentados pelos povos indígenas brasileiros.
Em poucos minutos, nada escapa a Ropni. Ele trata de desmatamento, mineração ilegal em terras indígenas e aumento da emissão de gases causadores do Efeito Estufa. Da sua forma, na sua língua.
É uma triste coincidência tê-lo entrevistado, para marcar a Semana Mundial do Meio Ambiente, justamente quando se completam, sete dias do estranhíssimo desaparecimento do antropólogo brasileiro Bruno Pinheiro e do jornalista inglês Dom Philips, no perigoso Vale do Javari, no Anazinas, na fronteira com Peru e Colômbia.
Também lá, como no Mato Grosso de Ropni, as atividades ilegais de intensa extração de natureza estão na raiz da falta de ar que vai atingir a todos, como alerta o histórico cacique. E, infelizmente, tudo indica até o momento que também estão na raiz desse estranho duplo desaparecimento.
Veja a entrevista de Raoni