Radialista é morto em Camocim, no litoral do Ceará, após receber ameaças


Por Cláudia Souza*

07/08/2015


Gleydson Carvalho(Foto: www.revistacamocim.com)

Gleydson Carvalho(Foto: www.revistacamocim.com)

Diretor e locutor da Rádio Liberdade, Gleydson Carvalho foi baleado na cabeça no final da manhã desta quinta-feira, dia 6, no momento em que apresentava o programa musical da emissora. O radialista era conhecido por fazer denúncias contra políticos da região.

Gleydson Carvalho, locutor e diretor da Rádio Liberdade 90,3 FM, foi baleado na cabeça por volta das 12h45, desta quinta-feira, dia 6, quando apresentava o programa “Revista Regional”, localizada em Camocim, no litoral do Ceará, a 347 km da capital Fortaleza. O radialista, atingido por um tiro na cabeça  e dois no peito, foi levado com vida ao Hospital Murilo Aguiar, onde morreu pouco depois.

A Associação Brasileira de Imprensa(ABI) enviou documento ao ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, exigindo celeridade e rigor na investigação, e alertando para a escalada da violência contra profissionais de imprensa no Brasil.

A Associação Cearense de Emissoras de Rádio e Televisão (Acert) e a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) também divulgaram nota de repúdio ao crime.

O delegado Hebert Ponte Silva, que está no comando da investigação, trabalha com a hipótese de execução sumária:

— Não tenho dúvidas de que se trata de uma execução, até porque os criminosos anunciaram um assalto, mas saíram do local sem nada levar, apesar de haver dinheiro no local do crime. Além disso, o radialista costumava fazer muitas denúncias em seu programa.

Em entrevista ao jornal “Diário do Nordeste”, o radialista Autran Santos comentou a suposta motivação do crime:

— Gleydson me falava das constantes ameaças de morte que estariam relacionadas a perseguições políticas.

O operador de áudio Ricardo Farias presenciou o assassinato do colega e contou que a ação dos criminosos foi rápida:

Dois homens invadiram o estúdio apressadamente e um deles abriu disparou três vezes contra Gleydson, que mandou eu me abaixar e ficar calado. Gleydson já havia anunciado diversas vezes no ar que vinha recebendo ameaças de morte, mas que não tinha medo.

O delegado Hebert Ponte Silva, que está no comando da investigação, trabalha com a hipótese de execução sumária:

— Não tenho dúvidas de que se trata de uma execução, até porque os criminosos anunciaram um assalto, mas saíram do local sem nada levar, apesar de haver dinheiro no local do crime. Além disso, o radialista costumava fazer muitas denúncias em seu programa.

*Fonte: G1, O Dia, O Povo, Diário do Nordeste, www.camocimonline.com

Leia abaixo o teor do documento enviado pela ABI ao Ministério da Justiça:

Rio de Janeiro, 07 de Agosto de 2015

“Ilmo. Senhor Ministro da Justiça,

José Eduardo Cardozo

Brasília – DF

Prezado Ministro,

A Associação Brasileira de Imprensa – ABI – vem reiterar a sua preocupação com a violência desenfreada contra profissionais de comunicação no País. No último dia 13 de Julho, esta entidade protocolou, nesta Pasta, pedido de audiência para debater com V. Ex.ª medidas concretas para conter o número de mortes e agressões contra comunicadores

Como já deve ser do seu conhecimento, na quinta passada (dia 6), foi assassinado na cidade de Camocim, no litoral do Ceará, o radialista Gleydson Carvalho. Atacado por matadores de aluguel, ele levou dois tiros na cabeça, no exato momento em que apresentava o programa “Liberdade em Revista”, na Rádio FM Liberdade. Carvalho fazia denúncias contra grupos políticos da Região. Há algum tempo ele vinha sofrendo ameaças de morte, pelo Facebook.

Carvalho, agora, faz parte de uma lamentável estatística que só, neste ano, já contabilizou três mortes de comunicadores, em pleno exercício da profissão. Sendo que a mais trágica delas aconteceu, em maio passado, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, onde o jornalista Evany José Metzker foi decapitado. Ainda naquele mês, o radialista Djalma Santos da Conceição, foi sequestrado, torturado e morto com 13 tiros na cabeça, na localidade de Conceição da Feira, na Bahia.

Recentemente, na cidade de Andradina, no interior de São Paulo, o jornalista Moisés Eustáquio teve a sua casa metralhada. De acordo com levantamentos realizados pela Federação Nacional de Jornalistas – FENAJ – outros 89 profissionais, a exemplo de Eustáquio, têm suas vidas ameaçadas sem qualquer proteção por parte do Estado.

Seguindo orientações do seu gabinete, esta Associação agendou uma reunião, na próxima segunda-feira (dia 17) com a Secretária Nacional de Segurança Pública, Regina Miki.  Independente desta providência, entendemos que medidas urgentes terão que ser tomadas não só pelas instituições representantes da categoria como também pelos poderes constituídos.

Ciente de sua compreensão e empenho na busca de soluções para uma questão tão grave subscrevemo-nos,

Atenciosamente,

Paulo Jeronimo de Sousa

Vice-presidente da ABI

Presidente da Comissão de Liberdade de Expressão e Direitos Humanos”