17/06/2008
Desde o começo da sua história, Pernambuco fez da luta pela liberdade o caminho mais natural de afirmação política. Também a imprensa, instrumento fundamental dessa luta, foi um sonho precoce dos pernambucanos. Já no tempo do domínio holandês. Mas só no começo do século XIX o jornalismo se efetivaria como ponta-de-lança das nossas tão características “revoluções libertárias”.
Imprensa e política de tal maneira andaram de mãos dadas a partir de então que ficou difícil ver uma separada da outra. Isso ainda mais se acentuou no século XX, tendo como um dos personagens centrais Barbosa Lima Sobrinho. Ele, na verdade, foi todo o século, pois nele se fez centenário.
Governador de Pernambuco, numa das mais duras disputas (subiu à tribuna dezenas de vezes para defender a sua vitória, questionada judicialmente), foi também Presidente da Associação Brasileira de Imprensa por longos e intensos anos de combates pelo civismo, pela cidadania, ou numa só velha e ainda necessária expressão: pelas grandes causas.
Por isso é tão fácil e justo homenageá-lo. Há uma identificação por assim dizer natural entre a sua trajetória e a das lutas democráticas no Brasil. Foi ele, por exemplo, a primeira opção de anticandidatura (no protesto contra a ditadura militar) que o Grupo Autêntico do MDB engendrou em 1974 e dele também foi a primeira assinatura a favor do impeachment do ex-Presidente Fernando Collor.
Nacionalista, exerceu esse pensamento não somente no campo político, mas nos excelentes livros de história que escreveu, tendo em tantos Pernambucos um lugar privilegiado. Mas não é difícil perceber que o político e o historiador foram sempre comandados pelo jornalista que ele foi por toda a vida, daí ter sido tão natural que até os últimos dias lêssemos as suas colaborações nos jornais. Nos 200 anos da imprensa, o jornalismo ético e responsável encontra um espelho nítido e indiscutível:
no pernambucano Barbosa Lima Sobrinho.
*Fernando Lyra é Presidente da Fundação Joaquim Nabuco e ex-Ministro da Justiça