24/11/2015
Será inaugurado, durante a “II Semana da Consciência Negra”, no Colégio Estadual Júlia Kubitschek (CEJK), o “Espaço de Memória João Cândido”. O evento acontecerá no dia 27 de novembro (sexta-feira), a partir das 19hs. A escola de formação de professores é localizada na rua General Caldwell, 182, no Centro do Rio.
A inauguração do espaço é iniciativa da professora de História Suely Barbosa de Moraes em parceria com a escola e com Sérgio Silva Henrique, representante do movimento negro da ONG Educafro. O projeto surgiu a partir da Lei 10/639, de 2003, que surge para modificar a Lei de Diretrizes e Bases, que estabelece obrigatoriedade do ensino da história da África e da cultura afro-brasileira no currículo escolar.
Durante o encontro haverá uma programação com palestras, mesas redondas com a participação do filho de João Cândido, Adalberto Cândido (o Candinho), funcionário da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), e de outras autoridades no assunto como Ricardo da Silva, representante do Museu do Negro, e do Procurador Geral Jovelino Ribeiro. Ainda haverá a inauguração do espaço e mostra de roda de capoeira. Na programação está prevista uma exposição de painéis em homenagem a João Cândido. Segundo a professora Suely, o material foi utilizado para comemorar os 100 anos da Revolta da Chibata pela Fundação Bando do Brasil na mostra João Cândido – A Luta pelos Direitos Humanos. A exposição permanente contará com toda trajetória da Revolta da Chibata e da história pessoal do “Almirante Negro”.
A proposta do projeto é também resgatar as personalidades negras da história do Brasil. “Acho importante essa iniciativa está dentro do combate ao racismo e ao preconceito. Precisamos conhecer a figura de um herói negro que geralmente não está nos livros didáticos. Mostrar os personagens negros que são sempre invisibilizados e esquecidos na nossa sociedade e inclusive nos próprios livros de história”, afirma Suely.
Quem foi João Cândido – exposição conta história
João Cândido Felisberto nasceu no Rio Grande do Sul, no dia 24 de Junho de 1880.
Filho de escravos, João Cândido começou sua participação política cedo, aos 13 anos, quando lutou a serviço do governo na Revolução Federalista do Rio Grande do Sul, no ano de 1893. Com 14 anos se alistou no Arsenal de Guerra do Exército e com 15 entrou para a Escola de Aprendizes Marinheiros de Porto Alegre. Cinco anos depois foi promovido a marinheiro de primeira classe e com 21 anos, em 1903, foi promovido a cabo-de-esquadra, tendo sido depois novamente rebaixado a marinheiro de primeira classe por ter introduzido no navio um jogo de baralho. Serviu na Marinha do Brasil por 15 anos, tempo durante o qual viajou por este e outros países.
Participou e comandou a Revolta dos Marinheiros do Rio de Janeiro (Revolta da Chibata) no ano de 1910, movimento que trouxe benefícios aos marinheiros, com o fim dos castigos corporais na Marinha, mas que trouxe prejuízos a João Cândido, que foi expulso e renegado, vindo a trabalhar como timoneiro e carregador em algumas embarcações particulares, sendo depois demitido definitivamente de todos os serviços da Marinha por intervenção de alguns oficiais.
Atuou na política durante toda a sua vida. Durante o governo de Vargas teve contato com o líder da Ação Integralista Brasileira (AIB) e com o Partido Comunista, chegou a ser preso por suspeita de relacionamento com os integrantes da Aliança Liberal e até o fim da sua vida continuou sendo “vigiado” pelas autoridades, sendo acusado de subversivo.
O “Almirante Negro”, como João Cândido ficou conhecido, morreu aos 89 anos e teve ao todo 11 filhos ao longo dos três casamentos. Faleceu na cidade de São João do Meriti, no Rio de Janeiro.
Galeria dos painéis da exposição: