Os ganhadores da 34ª edição do Prêmio Vladimir Herzog de Anisitia e Direitos Humanos, que neste ano bateu recorde com 545 inscrições, foram divulgados nesta quarta-feira, dia 10, na Praça Jardim Divina Providência – que, após receber o conjunto de obras do artista plástico Elifas Andreato, passará a se chamar Praça Vladimir Herzog.
A seleção das matérias vencedoras foi feita durante reunião do júri de premiação, das 9h às 15h, na Sala Oscar Pedroso Horta, da Câmara Municipal de São Paulo.
A solenidade de premiação está marcada para o próximo dia 23, às 19h30, no Teatro da PUC-SP – Tuca.
Segundo a curadora do Prêmio, Ana Luisa Zaniboni Gomes, a edição de 2012 trouxe algumas novidades. Até então, o processo contava com uma única etapa, na qual jornalistas experientes, a convite da Comissão Organizadora, selecionavam os ganhadores de cada categoria. Neste ano, 27 jurados, na primeira etapa, analisaram todos os trabalhos a partir de critérios técnicos.
Os três trabalhos mais pontuados de cada categoria – com exceção de Jornal e Internet, que tiveram quatro trabalhos escolhidos – foram selecionados para a segunda etapa, na qual o júri de premiação escolheu os ganhadores com base no conceito de ineditismo e relevância para a democracia e os direitos humanos.
Outra novidade foi o fato de a reunião para a escolha das matérias vencedoras ter sido realizada em sessão pública na Câmara Municipal de São Paulo, com transmissão ao vivo pela internet.
E também o Projeto 1000 em 1, que propõe a estudantes universitários entrevistar, no prazo de um ano, jornalistas das mil matérias que receberam os principais prêmios de jornalismo.
Vencedores
Na categoria Especial, que abrange todas as mídias e, nesta edição, teve como tema “Crianças em situação de rua”, a vencedora foi “Filho da Rua”, de Letícia Duarte, do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, RS;
A matéria “Direito à Infância: Crianças abandonadas à própria sorte”, de Cleomar Almeida, recebeu Menção Honrosa, tendo sido veiculada no jornal A Redação, de Goiânia, GO;
Na categoria Artes, a vencedora foi “Defesa falha com as vítimas”, de Fernando de Castro Lopes, do jornal Correio Braziliense, de Brasília, DF;
A fotografia intitulada “O amor é o dom maior! Ame”, de Francisco França, do Jornal da Paraíba, foi a ganhadora da categoria Fotografia, que concedeu o prêmio de Menção Honrosa à foto “Mutilado na Guerra do Crack”, de Severino Silva, do jornal O Dia, do Rio de Janeiro;
Na categoria Internet, foi escolhida a matéria “Depois que comecei a estudar, não vejo mais grades’, diz preso de SP que faz pedagogia”, de Camila Rodrigues, do site UOL. A Menção Honrosa foi direcionada à matéria “Um navio estacionado na porta de casa”, de Yan Boechat, do Portal IG;
“Quando a ditadura entrou em campo”, do jornalista Murilo Rocha, do jornal O Tempo, de Belo Horizonte, conquistou o prêmio na categoria Jornal. “Dossiê Curió”, de Ismael Machado, do jornal Diário do Pará, recebeu a Menção Honrosa;
Na categoria Rádio a ganhadora foi Maíra Heinen, da Rádio Nacional da Amazônia, com a matéria “Crimes contra indígenas na ditadura”, e a Menção Honrosa foi para “À espera de um lar”, de Renata Colombo, da Rádio Gaúcha;
Débora Prado, da Revista Caros Amigos, receberá o prêmio na categoria Revista com o Especial Comissão da Verdade. A Menção Honrosa foi para “Guarani-Kaiwá: O genocídio silencioso de um povo”, de Sandra Alves, da revista O Mensageiro de Santo Antônio, de Santo André, SP;
A TV Brasil/EBC venceu na categoria TV: Documentário com “Crimes da Ditadura”, de Conchita Rocha, e “Mão de obra escrava urbana”,de Bianca Vasconcellos, conquistou Menção Honrosa;
A reportagem “O Caso Rubens Paiva: Uma história inacabada”, de Miriam Leitão, veiculada na Globo News, recebeu, por unanimidade, o prêmio da categoria TV: Reportagem. Já a matéria “Liberdade Aprisionada”, de Eliana Victório, da TV Tribuna, de Pernambuco, conquistou Menção Honrosa;
ABI
Participaram do júri de premiação, Rosani Abou Adal, da Associação Brasileira de Imprensa – ABI; Guilherme Alpendre, diretor-executivo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo(Abraji); Prof. José Coelho Sobrinho, do Departamento de Jornalismo da Escola de Comunicações da Universidade de São Paulo(ECA/USP); Valéria Schilling, do Centro de Informações das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio); José Augusto de Camargo, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo; Márcia Quintanilha, vice-presidente regional sudeste da FENAJ (Federação Nacional de Jornalistas); Antônio Funari Filho, diretor-presidente da Comissão de Justiça e Paz da arquidiocese de São Paulo;; Rafael Martinelli, do Fórum Permanente dos Ex-presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo; e Nemércio Nogueira, diretor do Instituto Vladimir Herzog.
Os representantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e da Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo não conseguiram estar presentes na reunião.
O 34° Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos conta com o apoio institucional da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e Câmara Municipal de São Paulo, e patrocínio da Petrobrás, Banco do Brasil e Souza Cruz.
Abrangência
José Coelho Sobrinho se disse emocionado em participar do júri de um prêmio que leva o nome de um ex-professor da USP. “Durante o tempo em que conviveu conosco ele [Vladimir Herzog] sempre soube mostrar a importância de se fazer bom jornalismo”, disse o professor.
José Augusto de Camargo, destacou que dos 17 trabalhos premiados, apenas quatro são de São Paulo. “A imensa maioria dos trabalhos premiados são de outros estados, isso demonstra primeiro a abrangência do Prêmio e como se faz jornalismo de qualidade no Brasil inteiro.”
O presidente do Sindicato dos Jornalistas também relembrou que o Prêmio Vladimir Herzog tem uma tradição política, já que nasceu na ditadura como símbolo de resistência aos crimes cometidos pelo regime militar.
*Com Instituto Vladimir Herzog.