Premiação de jovens cineastas na ABI


01/12/2008


         Ricardo Marins e Emmanuel Cavalcanti

A sexta-feira, 28, foi dia da premiação da I Mostra ABI dos Estudantes de Cinema, que contou com a participação de jovens cineastas da Escola de Cinema Darcy Ribeiro, da PUC-Rio, das Universidades Gama Filho, Estácio de Sá e Federal Fluminense e dos projetos sociais da Central Única das Favelas (Cufa) e Viajando na Telinha. A cerimônia foi na Sala Belisário de Souza, no edifício-sede da Associação Brasileira de Imprensa.

Uma das principais proposta da Mostra, segundo o Diretor de Cultura e Lazer, Jesus Chediak, foi incentivar a reaproximação dos jovens com a ABI:
— Hoje eles preferem baixar os filmes para assistir em casa. Isso gera um certo isolamento. O prêmio é uma tentativa de encontrar uma forma para mobilizar os estudantes e de tirá-los um pouco do computador.

O produtor da Mostra, Breno Lira Gomes, relembrou a intensa relação entre os estudantes e a Associação, principalmente nos tempos da ditadura, quando muitos jovens cineastas, que mais tarde consolidariam o Cinema Novo, se formaram nas sessões do Cineclube Macunaíma. Ele destacou ainda a criatividade dos curtas-metragens apresentados e a vontade de realização dos participantes:
— Uma coisa que ficou visível foi a tentativa de cada grupo de mostrar, cada um à sua maneira, um olhar pessoal sobre suas realidades. Os cineastas dos projetos sociais têm um enfoque diferente dos das universidades da Zona Sul, mas em todos percebi a mesma gana de fazer de cinema e viver disso.

 O ator Jorge Coutinho premiou Eric Paiva

Vencedores

Dando início à cerimônia, Jesus Chediak explicou por que resolveu dar ao troféu entregue aos vencedores o nome de Fernando Barbosa Lima, que presidiu o Conselho Deliberativo da ABI e morreu recentemente:
— Ele foi, sem dúvida, a pessoa mais importante do telejornalismo brasileiro. E dar seu nome ao prêmio também é uma forma de aproximar o jovem do Fernando. Antes das entrega dos troféus, vamos passar um filme de um jornalista feito por um jornalista — disse o Diretor da ABI, referindo-se à exibição do documentário “Sérgio Cabral — A cara do Rio”, parte integrante da série “Grandes brasileiros”, de Fernando Barbosa Lima.

Ao longo da Mostra, entre os dias 25 e 28, foram exibidos 19 curtas-metragens, com destaque para a produção da Escola de Cinema Darcy Ribeiro, que, com “O som e o resto”, levou o prêmio de melhor direção — André Lavaquiel — e melhor fotografia — Bruno Diel e Lavaquiel. A Cufa também levou dois prêmios: menção honrosa para “Ele”, feito por alunos da rede municipal de ensino de Vitória-ES, e melhor roteiro para Alace Santos, Monique Mendonça, Mariana Oliveira, Ricardo Marins e Regina Brizio, pelo filme “Pelego Veríssimo”. 

Na categoria melhor filme de ficção, o ganhador foi “Vento em roupa de balé”, de Eric Paiva, do projeto Viajando na Telinha, e o melhor documentário, “Remo Usai — Um músico para o cinema”, de Bernardo Uzeda, da PUC-Rio. O troféu de melhor animação foi entregue a Jansen Raveira, que representou a UFF com “Como comer um elefante”.

Apoio

Bernardo  Uzeda e Antônio Molina 

Noilton Nunes, um dos integrantes do júri — juntamente com a jornalista, escritora e produtora de cinema Claudia Furiati e Fellipe Redó, coordenador do ponto de cultura Cuca, da UNE —, destacou a qualidade dos filmes e a importância de mais um espaço aberto ao jovem cineasta:
— Acredito que vai ser muito interessante a continuação da Mostra. É importante para o jovem que está começando a fazer cinema poder mostrar seu filme e receber um prêmio com a chancela da ABI, que com certeza abre portas. De um modo geral, as produções foram muito boas, mas os curtas que mais me impressionaram foram “Remo Usai”, um filme de alta produção que conta a história do músico que se especializou em compor trilhas sonoras para filmes nacionais, e “Vento em roupa de balé”, de moradores do Morro Chapéu Mangueira, no Leme, que vai contra a maré de violência nas favelas e mostra toda a simbologia do que espera o jovem que mora lá. 

 Urano e Irene Ferraz

O Diretor Comercial da RioFilme, Antônio Urano, aplaudiu a Mostra e anunciou seu apoio à ABI:
— Estudar Cinema já é um esforço muito grande e essa proposta da Casa é fundamental para ajudar a divulgar as primeiras produções dos alunos. A iniciativa vai ao encontro dos objetivos da RioFilme, que batalha apóia festivais voltados para a nova geração.

A troca de experiências entre as escolas de Cinema foi o fator positivo da Mostra enfatizado pela Diretora-fundadora da Darcy Ribeiro, Irene Ferraz, que recebeu o prêmio em nome de seus alunos. Ela se disse emocionada ao revisitar a ABI:
— É fundamental e construtivo ter contato com grupos diferentes de outras instituições e trocar experiências. E o fato de estarmos na ABI, por onde passou a História do Brasil e do cinema brasileiro, me emociona e me remete ao tempo do Cineclube Macunaíma, que eu freqüentei muito, e a outros momentos importantes aos quais estive presente, como o lançamento do movimento pela anistia.