Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quarta-feira, dia 13, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão apresentou sete dos oito suspeitos da morte do jornalista Décio Sá. São eles: o empresário Gláucio Alencar Pontes Carvalho, 34 anos, seu pai, José de Alencar Miranda Carvalho, 72 anos, que seriam os mandantes do crime; o empresário Raimundo Sales Charles Jr, 32 anos, e seus assessores Fábio Aurélio do Lago e Silva, 32 anos, e Airton Martins Monroe, 24 anos, que teriam agenciado o executor do crime Jonathan Sousa Silva, 24 anos. A arma usada no crime teria sido emprestada pelo subcomandante da Polícia Militar, Fábio Aurélio Saraiva Silva. Um dos envolvidos continua foragido. Os familiares do jornalista estiveram presentes na coletiva.
A policia cumpriu, na manhã desta quarta-feira, 13, oito mandados de prisão e 14 de busca e apreensão na operação “Detonando”, em São Luís, Santa Inês e Zé Doca e em municípios do Pará. Na operação, participaram 12 delegados, 70 policiais civis e homens do Grupo Tático Aéreo (GTA).
—Foi um crime extremamente complexo e quem acompanha o dia a dia das investigações sabe que não é de fácil elucidação. Felizmente, chegamos a este desfecho com a prisão da grande maioria do consórcio montado para matar o jornalista, disse o Secretário de Segurança Pública do Maranhão, Aluísio Mendes.
Segundo a polícia, o jornalista Décio Sá foi assassinado a mando dos agiotas Gláucio Pontes e seu pai, José de Alencar Miranda, que também teriam ordenado a execução, em abril, do também agiota Fábio Brasil, em Teresina, Piauí.
De acordo com as investigações, Décio entrou na mira de Gláucio Pontes quando começou a denunciar em seu blog as ações de agiotas no Maranhão. Como fachada para seu negócio de empréstimo, Gláucio mantinha empresas de fornecimento de material escolar e medicamentos, o que lhe garantia proteção de políticos e até de membros da polícia e do Judiciário.
Aluísio Mendes ressaltou que os empresários presos são suspeitos de crimes de agiotagem e extorsão contra vários gestores públicos no Maranhão e em outros Estados:
—É importante salientar que essa investigação está apenas começando. O ponto inicial está esclarecido com a confissão do Jonathan. Em função disso, foi descoberta uma organização criminosa que representa um câncer para a sociedade maranhense, atuando no desvio de recursos públicos, agiotagens e extorsões. Alguns destes crimes não são de nossa alçada e com certeza encaminharemos estas informações para a Polícia Federal. Em poder do grupo foram encontrados talonários e notas de empenhos de prefeituras.
Aluísio Mendes disse ainda que um irmão de Décio Sá quase foi executado em seu lugar:
—As semelhanças físicas entre os dois chegou a confundir o autor dos disparos, dois dias antes do crime ser cometido. Décio Sá foi monitorado pelo pistoleiro Jonathan Sousa Silva por pelo menos três ou quatro dias antes de 23 de abril, quando ocorreu a execução. Nesse período ele teria tentado, ao menos uma vez, assassinar o jornalista em sua residência. Ele só não cometeu o crime na casa dele porque notou que um irmão era mais alto e forte que do que o outro.
De acordo com a Delegada Geral da Polícia Civil do Maranhão, Cristina Meneses, as prisões representam uma vitória:
—Essas pessoas furtavam o dinheiro público e praticavam crimes contra toda a população ao desviar esses recursos. Nós continuaremos a investigar e chegaremos onde que quer seja preciso. Essa é a maior vitória da sociedade maranhense.
O jornalista Décio Sá, do jornal O Estado do Maranhão, foi assassinado no dia 23 de abril, com cinco tiros, em um bar da Avenida Litorânea, em São Luís. No mesmo dia, as investigações foram iniciadas e uma recompensa de R$ 100 mil foi oferecida pelo Disque-Denúncia por pistas sobre o assassino.
Logo no início das investigações, os agentes descobriram o pente da arma usada no crime que caiu no chão durante a fuga do assassino. Testemunhas começaram a ser inquiridas sobre o fato. Contudo, três depoimentos vazaram na internet. A polícia decretou sigilo absoluto para não atrapalhar as investigações.
Quase 40 dias após o crime, a polícia divulgou o retrato falado do suspeito de assassinar o jornalista Décio Sá. Com a veiculação da imagem, o Disque-Denúncia, em 24 horas, recebeu 60 ligações que indicariam o paradeiro do executor.
Na última segunda-feira, dia 12, foi encontrado morto um dos suspeitos de participar do assassinato do jornalista, Valdênio José da Silva, que chegou a ser preso, mas por falta de provas, acabou sendo libertado. Ele foi assassinado com cinco tiros dentro de casa, na Vila Talita, em São Luis.
*Com Blog do Décio, G1 MA, O Estado.