A Polícia Civil do Distrito Federal vai ouvir os depoimentos do repórter da revista Veja Gustavo Ribeiro e do ex-ministro José Dirceu na investigação do caso de violação de domicílio do quarto do político no Hotel Naoum, em Brasília, na última semana. O titular da 5ª DP, Delegado Laércio Rossetto, já ouviu o chefe de segurança e a camareira do hotel, cuja direção entregou à polícia imagens do circuito interno do estabelecimento que mostram a movimentação do jornalista Gustavo Ribeiro no mesmo andar em que José Dirceu esteve hospedado.
—A gente precisa ouvir o jornalista. O comparecimento do Gustavo é uma oportunidade para ele se explicar. Sabemos que ele esteve lá, já vimos a imagem dele e a fatura. Não estamos acusando, estamos apurando, disse Laércio ao Brasil 247. O repórter de Veja ficou hospedado em uma suíte no hotel ao lado da de Dirceu.
Segundo o boletim de ocorrência registrado pelo Hotel Nahoum na 5ª Delegacia de Polícia do DF, na última quinta-feira, 25, Gustavo Ribeiro teria tentado convencer uma camareira do hotel a abrir o quarto ocupado por Dirceu, alegando ser o hóspede e de ter perdido as chaves. A camareira não atendeu ao pedido e comunicou o fato aos seguranças do hotel. O jornalista teria deixado o hotel sem fazer o check-out.
Dias depois a revista Veja publicou matéria acusando José Dirceu de manter um “gabinete” no hotel para receber políticos e conspirar contra o Governo Dilma Rousseff. A reportagem traz fotos do corredor do hotel nas quais Dirceu aparece em momentos diferentes ao lado de senadores e deputados; do Presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, e do Ministro de Desenvolvimento Econômico, Fernando Pimentel.
O hotel afirma que as imagens divulgadas não são de suas câmeras de segurança e acusa a revista Veja de grampo ilegal, e afirma que não há registros que comprovem o diálogo entre o jornalista e a camareira, que teria ocorrido em um “ponto cego”.
Segundo o delegado, a Polícia Civil vai investigar somente a tentativa de violação de domicílio, e não o suposto grampo da revista ou as conversas entre políticos e Dirceu.
—Não estamos procurando saber por que razãp as pessoas estiveram com Dirceu. Se for para investigar formação de quadrilha, como diz a matéria da revista, não será no âmbito da Polícia Civil. O Ministério Público deverá acionar a Polícia Federal. Neste primeiro momento não há nada que possa envolver bens e serviços do interesse da União. Caso as pessoas que se encontraram com Dirceu, por ocuparem cargos públicos, julguem que sim, devem fazer a demanda à PF.
*Com Observador Político.