Pastor Feliciano critica trabalho da imprensa


27/03/2013


O deputado Pastor Marco Feliciano (PSC/SP), atual presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias-CDHM da Câmara, criticou a atuação de profissionais de imprensa durante a manhã desta quarta-feira, 27 de março. De acordo com o deputado, os jornalistas “estão ultrapassando o limite de espaço”, “não tem outro assunto para falar” e que “falam besteiras”. Feliciano reafirmou que não vai renunciar “de jeito nenhum”.
 
As declarações foram feitas após uma visita à embaixada da Indonésia, em Brasília, para conversar com o embaixador sobre a situação de dois brasileiros que estariam condenados à morte no país. Questionado se esse seria o momento de analisar suposto pedido de clemência dos condenados, Feliciano respondeu: “Existe tempo para pedir clemência? Isso é uma pergunta estúpida, não?”
 
Segundo Feliciano, o embaixador não soube informar se os brasileiros estão na lista de condenados à morte e que o apelo por clemência do Governo é bem visto pelo presidente da Indonésia, que os convidou para visitar o país.
 
Depois, Feliciano afirmou que a CDHM não está em crise, que a crise é dos jornalistas. “A comissão não está em crise, quem está em crise são vocês. Falando besteira e falando coisas que não existem. Já fizemos duas sessões e na primeira votamos a rodada da pauta, a segunda foi impedida por causa do tempo”, disse.
 
Prisão de manifestante
 
Durante a sessão realizada na tarde desta quarta-feira, uma confusão acabou gerando a detenção de um manifestante que teria chamado Feliciano de “racista”. A sessão, iniciada por volta das 14h20 sob protestos contra a permanência do deputado na Comissão, foi interrompida cerca de 10 minutos depois com a detenção do rapaz pela Polícia Legislativa. “Aquele senhor de barba, chama a segurança, ele me chamou de racista e racismo é crime. Ele vai ser preso e terá que provar que eu sou racista”, disse Marco Feliciano.
 
O manifestante, identificado como Marcelo Régis, foi levado para prestar depoimento no Departamento de Polícia Legislativa. Régis é integrante de uma ONG de defesa dos direitos dos homossexuais intitulada Triângulo Rosa. Apesar de Feliciano ter pedido que ele fosse preso por desacato, de acordo com a assessoria de imprensa da Câmara, ele foi levado sob a acusação de ter cometido ofensa à honra. Nesse caso, Feliciano também deverá prestar depoimento e caberá ao deputado fazer uma representação contra o manifestante. Não pode haver prisão em flagrante por crime de ofensa à honra, explicou a assessoria.
 
A deputada Érika Kokai (PT/DF) foi chamada por outros manifestantes após Régis ter sido levado e acompanhou o depoimento junto com o deputado Chico Alencar (PSOL/RJ), ambos integrantes da Comissão de Direitos Humanos. Segundo ela, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), disse que o manifestante ia apenas prestar esclarecimentos e seria liberado logo após.
 
Depois da confusão, Feliciano tentou dar prosseguimento aos debates, mas logo suspendeu a sessão e transferiu a audiência pública para outro plenário, onde só podem participar parlamentares, jornalistas e assessores. É a segunda vez que Feliciano precisa interromper uma sessão. Na semana passada, ele presidiu a comissão por apenas oito minutos, quando decidiu interromper os trabalhos por conta dos protestos.
 
Nesta quarta-feira, a CDHM tentou discutir a situação dos corintianos presos na Bolívia. Com a mudança do local, a comissão passou a debater a contaminação de pessoas por chumbo na cidade Santo Amaro da Purificação, na Bahia.
 
Feliciano enfrenta forte pressão para deixar a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Eleito neste mês, o deputado é acusado de racismo e homofobia devido a diversas declarações polêmicas. Em 2011, por exemplo, o pastor publicou em seu Twitter que os descendentes de africanos seriam pessoas amaldiçoadas. “A maldição que Noé lança sobre seu neto, Canaã, respinga sobre o continente africano, daí a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!”
 
Na terça-feira, 26 de março, a bancada do PSC se reuniu e decidiu manter o apoio ao deputado.
 
* Com informações das revistas Época e Carta Capital, portal G1 e jornal O Estado de S. Paulo.