15/02/2008
A organização Repórteres sem Fronteiras divulgou relatório nesta quarta-feira, 13, chamando atenção para a situação da China, que vai sediar as próximas Olimpíadas, em agosto. Segundo o documento, enquanto o mundo estiver ligado nos Jogos, centenas de profissionais da imprensa e blogueiros estarão presos, pois a polícia local tem ordem para atacar quem questionar a realização do evento esportivo no país, onde, além disso, sempre que um jornalista é libertado, outro é detido em seu lugar. Para a RSF, as autoridades chinesas não parecem dispostas a “algum gesto significativo no terreno dos direitos humanos” e só o Comitê Olímpico Internacional acredita na boa vontade dos políticos locais.
A Repórteres sem Fronteiras também alerta para a possibilidade de fraude nas eleições marcadas para este ano em alguns países contrários ao jornalismo independente. Entre eles o Paquistão e a Rússia, com eleições marcadas para o próximo dia 18 e o começo de março, respectivamente.
Ameaças
Em relação ao Brasil, a RSF informa que o país apresenta problemas no mapa da liberdade de imprensa e justifica a classificação com o registro de dois assassinatos de jornalistas no ano passado. Luiz Carlos Barbon Filho, cronista do semanário Jornal do Porto e do diário JC Regional, foi morto em 5 de maio, em Porto Ferreira, no interior paulista. Ele havia denunciado práticas ilícitas de alguns políticos e acusado empresários e funcionários públicos do município de envolvimento em casos de abuso sexual de adolescentes.
O relatório destaca também o atentado sofrido pelo repórter do Correio Braziliense Amaury Ribeiro Júnior, em setembro, quando investigava o crime organizado no entorno de Brasília. E lembra que o Brasil ainda não conseguiu acabar com as agressões violentas nem com as tentativas de atentado contra a imprensa, representadas por medidas de censura prévia. Como possível ferramenta contra isso, a ONG cita o anteprojeto de lei que prevê a revogação de uma herança do regime militar: a Lei de Imprensa de 1967.