22/07/2024
Por Marcos Gomes (*)
Nem mesmo as limitações impostas na infância pelo ensino público foram suficientes para impedir que a jornalista Cristiane Gomes se formasse numa das mais importantes instituições de ensino superior do país, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), cujo campus, no Maracanã, se avista do alto do Morro de São Carlos, no Estácio, onde ela nasceu e cresceu ao lado da família. A fome era um fantasma que aparecia silencioso e implacável trazendo com ele o peso insuportável do sofrimento.
Na favela o medo era renovado a cada rajada de bala, a cada corpo estirado no chão. O que ninguém sabia é que ali também se forjava a resiliência de uma vencedora.
O relato da jornalista Cristine Gomes é o nono programa do Acervo Jornalista Gustavo de Lacerda que vai ao ar, na terça-feira, 23/7, às 11h, no canal ABI TV no Youtube – https://youtu.be/TwXtbqMuzq4?si=6fSKpD4pXEJiomwq – um programa da diretoria de Igualdade Étnico-Racial da Associação Brasileira de Imprensa, liderada pelo jornalista Luiz Paulo Lima, em parceria com o Departamento de Comunicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), representado pelos professores Mauro Silveira e Carlos Alves. A série preenche uma lacuna crucial na preservação da memória e da história da imprensa negra no Brasil e, ao mesmo tempo destacar a importância da diversidade étnico-racial no jornalismo.
Para alcançar o maior objetivo de sua vida – tirar a sua família da miséria -, o percurso foi difícil. Cristiane Gomes, ou Cris, teve que usar de muita astúcia para encontrar soluções engenhosas e eficazes para saltar as barreiras que a vida lhe impunha. Trabalhando desde os 12 anos teve que guardar parte do pouco que ganhava para pagar o cursinho pré-vestibular que a permitiu ingressar na faculdade.
O acesso à UERJ foi um marco decisivo em sua trajetória, possibilitado pelo sistema de cotas que reserva vagas para grupos historicamente marginalizados, como afrodescendentes e indígenas, para a promoção da igualdade de oportunidade no acesso ao ensino superior.
Prestes a conquistar a sua segunda graduação, agora em Psicologia, ela vislumbra o futuro buscando compreender como as pessoas pensam, sentem e agem influenciadas por aspectos biológicos, sociais e ambientais. Não apenas adquirir conhecimento sobre o comportamento humano, mas também obter novas ferramentas para continuar transformando a sua realidade e ajudando outras pessoas a superarem suas próprias dificuldades.
A carreira:
Há 18 anos no Grupo Globo, onde começou como estagiária, Cris Gomes agora está na Editoria Rio editando o Bom Dia Rio. Mas, você sabe quais são as atribuições de um editor (a)? Segue alguns exemplos:
a) Escolher quais notícias e matérias serão exibidas, considerando a relevância, atualidade e o interesse público.
b) Revisar os textos dos repórteres e roteiros dos apresentadores, garantindo clareza, precisão e correção gramatical.
c) Coordenar repórteres, cinegrafistas, produtores e outros membros da equipe para garantir que todas as partes do noticiário estejam prontas para a transmissão.
d) Trabalhar com editores de vídeo para selecionar as melhores imagens e sequências que ilustram as notícias, garantindo a qualidade visual e a coesão narrativa.
e) Organizar e controlar o tempo de exibição de cada matéria, assegurando que o noticiário seja transmitido dentro do tempo previsto.
f) Participar da reunião de pauta para discutir e definir quais assuntos serão cobertos, além de sugerir ideias e ângulos para as matérias.
g) Gerenciar e incorporar notícias de última hora, ajustando a programação conforme necessário para garantir que o público receba as informações mais recentes.
h) Colaborar com os departamentos de produção, técnica e programação para garantir a transmissão eficiente e sem problemas.
i) Assegurar que todo o conteúdo está em conformidade com as normas éticas, legais e editoriais da emissora.
Prêmios:
Integrando a equipe do Jornal Nacional, Cris Gomes ganhou o prêmio EMMY Internacional – o Oscar da televisão mundial -, na categoria notícia, pela cobertura da ocupação do Complexo do Alemão, no Rio, pelas forças de segurança, em novembro de 2011.
O prêmio Samba-Net, obtido em 2021, pela edição e direção da série “Onde Nasce o Samba da Série A” que visitou as comunidades do carnaval carioca, foi outra conquista bastante comemorada e que nos remete aos versos do samba “Pra tudo se acabar na quarta-feira” de Martinho da Vila:
Glória a quem trabalha o ano inteiro em mutirão
São escultores, são pintores, bordadeiras
São carpinteiros, vidraceiros, costureiras
Figurinistas, desenhista e artesão
Gente empenhada em construir a ilusão
Cris Gomes transforma lágrimas de dor em lágrimas de alegria e traz a emoção à flor da pele. A sua presença é um lembrete constante de que, com coragem e determinação, é possível superar até os obstáculos mais insuperáveis.
O relato da jornalista Cristine Gomes é o nono programa do Acervo Jornalista Gustavo de Lacerda que vai ao ar, nesta terça-feira, 23/7, às 11h, no canal ABI TV no Youtube – https://youtu.be/TwXtbqMuzq4?si=6fSKpD4pXEJiomwq – um programa da diretoria de Igualdade Étnico-Racial da Associação Brasileira de Imprensa, liderada pelo jornalista Luiz Paulo Lima, em parceria com o Departamento de Comunicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), representado pelos professores Mauro Silveira e Carlos Alves. A série visa preencher uma lacuna crucial na preservação da memória e da história da imprensa negra no Brasil e, ao mesmo tempo destacar a importância da diversidade étnico-racial no jornalismo.
Conheça outros programas do Acervo Jornalista Gustavo de Lacerda no link – https://www.youtube.com/playlist?list=PL-yIaqpLeolT5Nw8On_hMAdR8FyL2ioH7
(*) Presidente do Conselho Deliberativo e membro da diretoria de Igualdade Étnico-Racial da ABI