A ABI reafirmou nesta quinta-feira, 31 de março, seu entendimento de que “o movimento militar que derrubou o Presidente constitucional João Goulart em 31 de março de 1964 não foi uma ‘revolução democrática’, como assoalham ainda agora seus defensores, que se excedem em impropriedades de caráter político e até cronológico: a sublevação vitoriosa não passou de um golpe de Estado, para cuja deflagração se associaram civis e militares, e não ocorreu em 31 de março, e sim em 1º de abril, o Dia da Mentira”, assinala declaração divulgada pela Casa.
A ABI afirma também que em torno desse movimento se criou “desde as primeiras horas de sua eclosão um cortejo de falsificação histórica, para o qual contribuíram tanto os militares rebelados, com suas declarações hipócritas de respeito à ordem constitucional, como os líderes civis que os insuflaram, os quais pretendiam ocultar e dissimular a verdadeira natureza do golpe”, diz a declaração, cujo teor é o seguinte:
“A Associação Brasileira de Imprensa não pode eximir-se do dever cívico e ético de contestar a atoarda feita por setores saudosos da ditadura em torno em torno do
movimento militar que derrubou o Presidente constitucional João Goulart em 31 de março de 1964, que não foi uma ‘revolução democrática’, como assinalam ainda agora seus defensores. Estes se excedem em impropriedades de caráter político e até
cronológico: a sublevação vitoriosa não passou de um golpe de Estado, para cuja deflagração se associaram civis e militares, e não ocorreu em 31 de marco, e sim em 1º de abril, o Dia da Mentira.
É necessário sublinhar que se criou desde as primeiras horas de sua eclosão um cortejo de falsificação histórica, para o qual contribuíram tanto os militares rebelados, com suas declarações hipócritas de respeito à ordem constitucional, como os líderes civis que os insuflaram, os quais pretendiam ocultar e dissimular a verdadeira natureza do golpe. .
Esses defensores da ilegalidade então cometida pagaram caro por seu desapreço às instituições democráticas, já que seus cúmplices militares tomaram o gosto de poder e
o tornaram privativo dos detentores de fardas e alamares durante longo período, entre 1964 e 1985.
O que se viu nas duas décadas que se seguiram foi o arbítrio institucionalizado, com as cassações de mandatos e de direitos políticos de parlamentares, líderes sindicais e de lideranças intelectuais; a suspensão de eleições e sua substituição por formas viciadas e antidemocráticas de provimento de cargos eletivos;a generalização das prisões sem mandado judicial nem nota de culpa; a imposição do exílio, da demissão imotivada e do desemprego a milhares de brasileiros que até agora esperam por reparação e desculpas por parte do Estado nacional; a transformação da tortura e do assassinato em práticas de governo; o desaparecimento e ocultação de cadáveres de vítimas da ditadura; a censura à imprensa e aos meios de comunicação em geral; a proibição de livros, filmes e peças teatrais.
Para coroar esse conjunto de indignidades, o regime militar ocultou ou destruiu os registros das torpezas praticadas pelos agentes do Estado, civis e militares, cuja revelação se impõe como requisito essencial para a construção de uma sociedade efetivamente democrática no País.
Rio de Janeiro, 31 de março de 2011.
(a) Maurício Azêdo, Presidente.”