Por Cláudia Souza e Claudia Sanches
13/08/2015
No Rio de Janeiro, o jornal “O Dia” promoveu o corte de 40 profissionais de imprensa e encerrou a circulação de cadernos. No Paraná, os cortes atingiram 11 profissionais de imprensa da “Gazeta do Povo”.
De acordo com Paula Mairan, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ) os salários dos funcionários de “O Dia” estão em atraso há dois meses:
— O pagamento do plano de saúde também não estava sendo pago. A situação da categoria é dramática. Estamos vivenciando uma crise anunciada que se arrasta há dois anos em razão do monopólio da comunicação. O Sindicato denunciou recentemente a concorrência desleal à Organização dos Estados Americanos (OEA).
Para a jornalista a crise atinge o modelo tradicional de negócios no setor:
— O impacto nas relações de trabalho, cada vez mais precárias, é muito grande. Imprensa e sociedade perdem com o desmantelamento de uma estrutura destinada à informação relevante e imparcial. Precisamos aumentar a mobilização da nossa categoria para discutirmos novas formas de fazer jornalismo. Em relação a “O Dia”, o Sindicato está acompanhando o caso e tomando as medidas judiciais necessárias a garantia dos direitos trabalhistas.
Pertencente ao Grupo Paranaense de Comunicação, o jornal “Gazeta do Povo” alegou que “a crise que afeta Brasil e o mercado de comunicação justifica a readequação de operações, equipes e projetos do veículo.”
De acordo com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor-PR), os cortes efetuados nesta quarta-feira, dia 12, atingiram jornalistas e gráficos. Em nota, a entidade repudia os cortes: “O Sindijor condena, veementemente, demissões como modelo de gestão para combater qualquer crise, ignorando o fato de que não se faz jornalismo sem jornalistas. Foram demitidos, inclusive, profissionais premiados, o que mostra a desvalorização desses trabalhadores que fazem a imagem do jornal. Por outro lado, na contramão da crise, a Gazeta do Povo mantém os altos cargos da burocracia da empresa e com salários mais altos. A entidade também condena essa prática que tornou-se recorrente desde o segundo semestre do ano passado. Em agosto de 2014, 23 profissionais haviam sido demitidos pelo jornal Gazeta do Povo. Seja no formato das demissões massivas ou mesmo a conta-gotas, o saldo final é uma redução drástica de profissionais. Ao todo, entre 2011 e 2014, o GRPCOM demitiu 78 profissionais, sendo 43 da Gazeta do Povo, 25 da RPC-TV e 10 da Tribuna do Paraná, que se somam às 13 do ultimo mês na Gazeta. A entidade que defende os trabalhadores registrou que, nos últimos dois anos, dez empresas no estado demitiram 156 profissionais. Ao todo, foram 287 demissões no período, em rádio, TV e jornal. O SindijorPR se compromete a dar todo auxílio jurídico aos jornalistas e já prepara medida judicial contra as recentes demissões. Os casos também serão levados ao Ministério Público do Trabalho, devido ao fracionamento das demissões, uma tentativa de descaracterizar dispensa coletiva, prevista na Convenção dos jornalistas.”