O Blefe Gabriel Monteiro


05/04/2022


Por Norma Couri, Diretora de Inclusão Social, Mulher e Diversidade

O hipertatuado Gabriel Monteiro, um ex-PM cheio de músculos, influencer de mais de cinco milhões de seguidores no Instagram, vereador eleito com mais de 60 mil votos há dois anos pelo Movimento Brasil Livre, bolsonarista que já transitou entre os MBL, os PL e os sem partido, tem chances de começar ser cancelado hoje do mundo mágico da Internet se o Conselho de Ética da Câmara de Vereadores do Rio aceitar abrir uma investigação contra ele. O vereador Chico Alencar vai levar ao conselho a proposta de que Monteiro seja investigado.
Se no mundo virtual Gabriel Monteiro é o tal, ganhando até R$ 400 mil por mês, no mundo real ele foi denunciado por várias mulheres por estupro, assédio moral, importunação sexual e agressão com arma de fogo. Algumas dessas vítimas eram suas assessoras na Câmara.
Uma coisa servindo de trampolim para outra, Gabriel forjava vídeos escandalosos para atrair mais visualizações, seja filmando meninas durante o ato sexual ou explorando a pobreza de forma escandalosa ao “mudar a estética” e ensinar frases feitas às vítimas para provocar compaixão do tipo “meu pai é alcoólatra”; tô cum fome”; “não sei quando vou comer outra vez”… Tudo rendendo mais likes e mais dinheiro.
O caso tem sido noticiado em programas de Tv e teve vasto espaço no Fantástico do último domingo.
As mulheres não se identificam por medo ou vergonha, mas os vídeos de Gabriel Monteiro vazados por ele mesmo na internet estão tipificados no Código Penal. Também na Vara da Infância e da Juventude, que já obrigou Gabriel e retirar um vídeo onde mantinha relações sexuais com uma adolescente de 15 anos com multa de R$ 30 mil por dia.
Se a representação for aberta hoje no Conselho de Ética, será não só um ponto a favor das mulheres. Ao sofrer denúncia, o caso Gabriel servirá de alerta tanto a seguidores incautos da internet, como às meninas deslumbradas pelos tatuados, musculados, exagerados influencers que ascenderam à política por conta de nada. A repulsa concorrerá para que a Justiça consiga desmonetizar o canal do chamado influencer e exponha a falta de decoro parlamentar.
Viva a imprensa séria.

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foto metropoles.com