07/09/2021
O Cineclube Macunaíma exibe, hoje, o documentário A bolsa ou a vida (2021), de Silvio Tendler que poderá ser visto pelo link https://youtu.be/N2ERnOk57Z4, da Caliban Cinema e Conteúdo no YouTube. Às 19h30, haverá um debate com o diretor, o cartunista Aroeira que fez os desenhos do filme, a ecologista Sol Udry também participante e a jornalista e escritora Cristina Serra. O mediador será o jornalista Ricardo Cota. Assista o debate, às 19h30, pelo canal da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) do YouTube.
O filme, com 1h42m, tem participação especial de Fernanda Montenegro e Renato Borghi e narração de Eduardo Tornaghi. O roteiro mostra o futuro pós-pandemia da covid-19 e a centralidade será o cassino financeiro e a acumulação de riqueza por uma elite ou uma vida de qualidade para todos, com menos desigualdade? O Estado mínimo se mostrou capaz de atender ao coletivo? Como garantir a vida sem direitos sociais e trabalhistas? Em qual modelo de sociedade queremos viver? O filme aborda o desmonte do conceito de bem-estar social e nos faz refletir sobre a incompatibilidade do neoliberalismo com um projeto humanista de sociedade.
Filme
A bolsa ou a vida começa com um texto de Sílvio Tendler: “Vivemos em um país com um governo que asfixia Educação, Ciência, Cultura e Arte. Uma política econômica irresponsável aumentou o desemprego. Dos 206 bilionários brasileiros, 48 são do setor financeiro e não produzem nada além de papéis. A previsão é de mais de 1 milhão e duzentos mil miseráveis este ano. A brutalidade dos nossos tempos é visível nas ruas, onde famílias que antes tinham casa tentam sobreviver. Enquanto o governo incita a guerra civil e conta com mais de 500 mil mortos pela Covid-19.Sem remorsos, sindicatos, entidades de classe e trabalhadores da Cultura produziram, de forma colaborativa, este filme-manifesto, documento de uma época. Agradeço aos nossos parceiros pela liberdade com que pude trabalhar. Toda a responsabilidade por esta obra é minha e da produtora Caliban. Brasil, julho de 2021, Silvio Tendler”.
Desfilam por “A Bolsa ou a Vida” desde Ailton Krenak e Mauro Morelli a Rita Von Hunty e o Padre Julio Lancellotti, que usam os meios de comunicação modernos e as redes sociais como ferramentas de reflexão. No mosaico sobre a destruição, o longa-metragem fala de cultura, sociedade, patrimônio, meio ambiente, direitos individuais e coletivos – tudo pela ótica do Capital.Economistas falam das promessas de reformas legislativas, que tiram garantias de trabalhadores e contribuintes, para mostrar como é perigoso o avanço neoliberal. A estudante universitária que também é moto-boy tem que se virar para conseguir melhorar de vida. Já Yanis Varoufakis, personagem principal da ficção de Costa-Gavras, no filme“Jogo do Poder”, é um daqueles que fala de quanto o Capitalismo precisa morrer com urgência. Ao seu lado, outro mestre do Cinema, Ken Loach.
Quando o mundo entrou em isolamento social, Tendler estava prestes a colocar em circuito “Nas Asas da Pan Am” (2020). Exibições especiais na Cinemateca do MAM aconteciam e os amigos e admiradores mais próximos já presenciavam o recente trabalho. Mas, com a pandemia partiu para fazer A bolsa ou a vida, reunindo importantes nomes de um olhar crítico sobre a sociedade, ele constrói à distância um documentário disposto a escancarar o atoleiro no qual o bolsonarismo nos levou. O filme é um manifesto, o documento de uma época. Odocumentário é montado a partir de entrevistas em chamadas de vídeo e produções de imagens das cinco regiões do país, na melhor face colaborativa que o Cinema Brasileiro consagrou.
Diretor e convidados
A carreira do cineasta Silvio Tendler teve início, em meados da década de 1960 por meio do Movimento Cineclubista, que ajudou a formar uma geração de cineastas brasileiros já que não existiam escolas de cinema no Rio de Janeiro. Em 1968,realizou seu primeiro documentário, sobre a Revolta da Chibata, após conhecer o marinheiro João Cândido. Depois seguiu para o Chile e França, retornando ao Brasil, em 1976, quando rodou, “Os Anos JK – Uma Trajetória Política”. Seus filmes “Jango” e “Anos JK”, apesar de falarem sobre o golpe militar de 1964 e a democracia, foram lançados ainda em plena ditadura militar, em 1984 e 1980. Tem mais de 300 documentários em seu currículo e dezenas de prêmios nacionais e internacionais. Foi Secretário de Cultura e Esporte do Distrito Federal. Grande parte da obra de Tendler pode ser conferida gratuitamente em seu próprio canal no Youtube, Caliban Cinema e Conteúdo.
O chargista Renato Aroeira, que é também saxofonista no Trio das Quartas, fez charges para O Globo e O Dia, e outros veículos, como a revista IstoÉ. Recebeu o “Prêmio Destaque Vladimir Herzog Continuado”, em decorrência do processo pela charge de Bolsonaro pintando uma suástica no símbolo da saúde.