21/04/2021
Por Zezé Sack, jornalista e membro da comissão de cultura da ABI
Fátima Semedo, carioca, publicitária, jornalista, com especialização na FGV em Marketing Estratégico. No ano de 2001 mudou-se para NYC por conta de um convite de trabalho recebido pelo seu marido. Em 2011 descobriu que poderia transformar a paixão por NYC em uma oportunidade de trabalho. Criou então a consultoria VC in NY e passou a personalizar viagens, tours e desenvolver experiências para um seleto grupo de clientes, não demorou muito e também começou a fazer alguns eventos corporativos.
– Como tem sido pra vc e sua família todo esse período de Pandemia?
Primeiro veio o stress do desconhecido, o que estaria acontecendo com o mundo? Quando irá terminar essa paralisação forçada? Depois veio a fase da reflexão e do entendimento da seriedade da situação, seguida da resiliência. A redescoberta da convivência foi também um aprendizado para todos.
– Vcs tem plano de saúde? Sim.
– Tiveram algum apoio do governo?
A ajuda do Governo veio através do recebimento do seguro desemprego, uma vez que a indústria na qual eu trabalhava (turismo e eventos) foi extremamente atingida.
– Como está agora a sua atividade profissional?
Minha consultoria não resistiu e foi encerrada. Em março comecei a trabalhar no Fasano 5th Ave, novo empreendimento aqui em NYC, como Supervisora de Membership e Front desk.
– Como observa a retomada da cidade como um todo e, em especial, a parte cultural, como teatro, música, algumas casas noturnas, os restaurantes, museus, enfim tudo que faz a cidade andar?
A cidade lentamente está voltando, NYC sempre volta!! Logo no início do segundo semestre de 2020 o MoMa reabriu, o Museu Metropolitan também reabriu, e os outros museus foram na sequência. Claro, que com várias restrições implementadas e horários reduzidos, mas aos poucos a cidade começou a dar sinal de recuperação no cenário cultural. A Broadway está com projeto fortíssimo para reabertura de dezenas de espetáculos agora em Setembro. Quanto as casa de shows, como por exemplo Blue Note e o City Winery já reabriram. Mas nem tudo sobreviveu, infelizmente centenas de restaurantes fecharam para sempre.
– Qual o pensamento comum em NYC?
O pensamento do nova iorquino é de otimismo, todavia sem euforia. Apesar da vacinação ser uma realidade aqui, ninguém “baixou a guarda” e relaxou nos cuidados. A população usa máscara e mantém distância social. Existe cuidado e consciência coletiva de que ainda teremos um bom tempo à frente para a recuperação.
– O que as pessoas comentam?
Praticamente todos comentam que nunca imaginaram que a pandemia iria durar tanto tempo, e a forma como o mundo “parou” em uníssono foi alarmante. Sem falar do aprendizado do último ano! Quem passou por 2020 sem aprender algo, eu nem sei como classificar… aprendemos a dar o valor do abraço, o valor de estar com familiares distantes em ocasiões especiais, o valor de ir e vir… e por aí segue a lista.
– Falam de esperanças?
Em todas as conversas a esperança está muito presente, mas de forma realística.
– Falam em mudanças de comportamento?
O impacto comportamental é marcante e visível. O entendimento de que muitos de nossos hábitos eram desnecessários, trouxe mudanças/adaptações para uma nova realidade. Uma parcela significativa decidiu sair da cidade e migrar para os subúrbios ou outros estados em busca de moradia mais espaçosa e de valor mais acessível. Trabalhar de casa foi outra grande mudança no padrão corporativo.
A escola virtual idem. Atualmente vivemos cada vez mais em um mundo on-line e virtual.
– Os artistas como estão sobrevivendo?
Estão vivendo com muita dificuldade, uma vez que vários deles possuíam trabalhos paralelos em restaurantes para complementar a renda mensal. Imagine a situação: o plano A (artes) e o plano B (restaurante) ambos fechando as portas ao mesmo tempo em março de 2020?!!! Acredito que sobreviveram por conta do seguro desemprego e ajuda de familiares e amigos. Muitos retornaram para a casa dos pais.
– As casas noturnas que fecharam, vão reabrir?
Algumas já reabriram, como o Blue Note, City Winery, O Clube de Comédia do Village dentre outros.