20/09/2021
Por João Batista Abreu, Conselheiro da ABI
Existe algo mais simbólico do que um clube de futebol formado por adolescentes? Em agosto de 1904 um grupo de jovens cariocas reuniu-se num chalé de um casarão na Rua Humaitá, perto do Largo dos Leões, para concretizar uma paixão: fundar um clube de futebol amador. Nascia assim o Eletro Clube, liderado por Flávio Ramos, então com quinze anos. Em pouco tempo o Eletro cresceu e mudou de nome. Nascia o Botafogo Futebol Club. Em dezembro de 1942, veio a fusão com o Club de Regatas Botafogo.
Ser botafoguense tem lá suas idiossincrasias. Está pra nascer um que não tenha superstições. Muitos usam a mesma roupa quando o time vem de uma série de vitórias. Veem o jogo no mesmo lugar do estádio ou na mesma poltrona em casa. Se perder, a culpa é sempre de alguma coisa que ele deixou de fazer. No fundo todo alvinegro tem um pouco de Carlito Rocha, o sujeito que foi quase tudo no clube, de jogador a dirigente. Aquela imagem de Nossa Senhora da Conceição nos jardins da sede de General Severiano foi ele que mandou colocar. Marcha ré do ônibus dos jogadores, nem pensar. O certo era descer e esperar o motorista fazer a manobra. Mas qual seria a graça do futebol se não fosse assim.
Ficou famosa a frase do jornalista, pesquisador e crítico musical Lúcio Rangel. “Eu não gosto de futebol, gosto é do Botafogo”. O coleguinha Lúcio Rangel nasceu em 1914, quando o Botafogo tinha apenas dez anos de vida. Tomamos emprestado a frase dele para dar nome a este programa especial do ABI no Esporte.
Os convidados são a blogueira e jornalista esportiva Aline Bordalo e os jornalistas Roberto Falcão, Xico Teixeira e João Batista de Abreu. Todos torcem pelo Botafogo, mas por questões profissionais mantêm a distância entre o ofício e o afeto. Na mediação, Marcos Gomes, que torce pelo Flamengo. Tinha mesmo que ser assim. Afinal, depois do Botafogo, o Flamengo é o time que mais deu alegrias aos alvinegros nestes cento e dezessete anos de existência do Glorioso.