13/02/2017
O “New York Times” desenvolveu, ao longo de mais de 150 anos de existência, um sistema de edição e revisão de conteúdo em que a maior parte das histórias passa por três editores antes de ser publicada. No caso de reportagens de primeira página, o número sobe para seis.
Esse sistema, porém, está para ser mudado. A estrutura, que envolve mais editores do que jornalistas de campo, em breve pode ser substituída por um novo modelo. Essa transição é assunto da coluna da ombudsman do jornal, Liz Spayd. “A mudança está entre as mais importantes pelas quais a Redação passará este ano”, afirma Spayd. “A diretoria não está apenas revisando a infraestrutura que mantém a atividade jornalística, mas também deve fazer cortes consideráveis na lista de editores.”
Os detalhes da mudança ainda estão sendo definidos por uma equipe de editores. Um dos modelos possíveis define que cada história seja de responsabilidade de um editor. Outro cenário prevê que uma equipe de editores trabalhe junto com os repórteres. De acordo com Spayd, os dois sistemas permitiriam maior triagem de notícias e implicariam cortes.
Hoje o sentimento entre os editores, segundo ela, é de apreensão quanto ao futuro na empresa e de ressentimento por se sentirem pouco valorizados. A publicação de um relatório sobre as novas estratégias do “Times”, que se refere ao trabalho deles como “edição de baixo valor”, não ajudou muito.
“Um editor me falou de uma reportagem recente do jornal que deveria mostrar o humor do país atualmente por meio de 11 personagens. Dez deles eram homens. Foi necessário um editor para apontar o problema e corrigi-lo”, conta a ombudsman.
Apesar dos riscos da mudança, Spayd afirma que a remodelação é um passo inteligente para o “NYT”, desde que tenha sempre os leitores em mente e leve em conta a experiência adquirida pelos editores. “Se o novo modelo funcionar, os leitores jamais perceberão. Senão, ele será o maior defeito do sistema”, conclui.
Informações da Folha de S.Paulo