07/07/2021
Por Media Talks
O jornalismo investigativo sempre tem seus riscos, e eles podem ir desde ameaças em redes sociais a um carro suspeito parado à porta da casa do repórter. O caso do jornalista holandês Peter R. De Vries, baleado no centro de Amsterdam no dia 6 de julho, é um triste exemplo dos perigos da profissão mesmo em países seguros. Como o jornalista deve proceder nesses casos em que percebe uma ameaça física à sua integridade?
Com base em uma conferência que analisou o caso do repórter investigativo Ronan Farrow, filho do diretor Woody Allen e da atriz Mia Farrow, a Investigative Reporters & Editors – Associação de Jornalistas Investigativos, com sede nos Estados Unidos preparou um guia com as principais recomendações.
Farrow notou carros estranhos perto do seu apartamento durante a investigação para a revista The New Yorker sobre alegações de agressão sexual contra o produtor de cinema Harvey Weinstein. Uma das medidas que adotou foi trancar em um cofre todo o seu material de pesquisa.
Apague seus dados na internet sempre que possível
Algumas dicas não servem só para os repórteres investigativos, mas também para qualquer pessoa que queira evitar ser “seguida” nas redes sociais ou ter seus dados roubados. Uma delas é limpar sempre suas informações pessoais de lista de sites de compras e sites que salvam os seus dados automaticamente.
Pesquise no Google tudo o que aparece sobre você e desative todos os sites que tem seus dados.
Nas redes sociais, evite divulgar sua rotina, publique apenas o que já aconteceu. Isso é uma forma de preservar você e a sua família.
Para os repórteres investigativos, o melhor é parecer que você está em um lugar, mas na realidade você está em outro. Algumas recomendações do evento: inscreva-se em newsletters listando um endereço de email diferente. Adicione uma empresa “sua” ao Yelp (site de avaliações) com sede em algum lugar onde não está.
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Assassinatos de repórteres investigativos
Segundo dados da ONG Repórteres Sem Fronteiras, 17 repórteres investigativos foram assassinados nos últimos 12 anos. No total, dez estavam investigando casos de corrupção local, quatro trabalhavam em reportagens sobre a máfia e o crime organizado e três sobre temas relacionados ao meio ambiente.
A Federação Internacional de Jornalismo também advertiu em seu relatório anual o declínio da liberdade de imprensa. A instituição registra 2.658 profissionais mortos desde 1990, sendo que 90% dos assassinatos foram pouco investigados ou ignorados.
No Brasil, os últimos casos registrados de jornalistas assassinados aconteceram em 2019 no Rio de Janeiro: Robson Giorno, dono do jornal O Maricá foi executado com três tiros na porta de casa no dia 25 de maio, e Romário Barros, fundador do site Lei Seca Maricá, foi morto, também com três tiros, enquanto dirigia seu carro no dia 18 de junho.
Giorno e Barros se empenhavam em noticiar e denunciar os acontecimentos políticos da região. Os dois inquéritos ainda não foram concluídos e correm em sigilo na Justiça.
Um dos casos mais conhecidos no país foi o do jornalista Tim Lopes, da TV Globo, assassinado em abril de 2002 no Rio de Janeiro, enquanto fazia reportagens sobre tráfico de drogas e exploração sexual infantil em bailes funk.