19/04/2021
Falas da Terra na TV Globo comemora o Dia do Índio
Por Diretoria de Cultura e Lazer
São 13 lideranças indígenas femininas contra oito masculinas e embora o maior protagonismo ainda seja deles, elas estão chegando lá e atuam na sociedade, buscando seus lugares como representantes de suas origens. O programa Falas da Terra da TV Globo, que será exibido hoje, às 22h30, em comemoração ao Dia do Índio, leva ao ar a voz de 21 indígenas que se destacaram e conseguiram dar fala a seus povos massacrados desde a Descoberta do Brasil. E por falar nos indígenas, um pedido: neste ano, por causa da pandemia, as escolas indígenas de Mangueirinha se uniram para produzir um canal no YouTube, no qual serão transmitidas, ao longo da semana do dia 19 de abril, várias atividades e eventos, com o intuito de divulgar a cultura e os saberes indígenas! Para isso, eles precisam de, no mínimo, 1000 inscritos (para poder fazer live)! Inscrevam-se no canal: https://youtube.com/channel/UCSTB-2EdNkD4A0oxIAw6lrA
A pluralidade do povo indígena que deu origem ao Brasil e a sua luta pelo direito de existirem, serem ouvidos e terem sua história e cultura valorizados conduzirão a narrativa de Falas da Terra, o especial da TV Globo. Com depoimentos na primeira pessoa, o programa mostra a riqueza cultural dos mais de 300 povos indígenas existentes no país, que falam aproximadamente 200 línguas diferentes.
Para dar luz a essa variedade cultural, do conteúdo aos bastidores, a produção contou com profissionais indígenas em todo o processo de criação como Ailton Krenak, líder do Movimento Socioambiental de Defesa dos Direitos Indígenas, escritor e organizador da Aliança dos Povos da Floresta, além de ser um dos convidados a contar sua história. Ele é também consultor de Falas da Terra, e participou da escolha dos personagens e da criação do projeto. Além dele, Ziel Karapató, artista e ativista; Graciela Guarani, cineasta; Olinda Tupinambá, jornalista e documentarista; e Alberto Alvarez, cineasta e realizador.
Eles fizeram parte da equipe indígena realizadora da obra. Os cinco foram fundamentais ao trazer o olhar indígena para o conteúdo, sugerindo e comentando a escolha dos personagens, conduzindo a conversa no set, de forma que os temas trazidos por cada um fossem explorados ao máximo.
O público conhecerá a história não só de quem vive afastado da cidade, perto da natureza, mas também de quem vive em grandes centros urbanos, sem deixar para trás suas crenças, costumes e tradições. Serão apresentados no especial médicos, artistas, biólogos, escritores premiados, youtubers, entre outras profissões.
EmFalas da Terra os 21 depoimentos trarão informações sobre preservação da cultura, língua e costumes dos diversos povos; proteção do meio ambiente e da vida; respeito à diversidade; histórias de resistência e ativismo; demarcação de terras; invasão de territórios demarcados; preservação das florestas; importância da literatura para ajudar na conscientização; entre muitos outros temas.
ELES:
Raoni Metuktire Kayapó (Povo Kayapó) – Uma das maiores e mais respeitadas lideranças indígenas do Brasil, o Cacique Raoni é conhecido internacionalmente e já foi pré-indicado ao Prêmio Nobel da Paz por sua atuação na luta pela preservação da floresta e dos povos amazônicos.
Davi Kopenawa Yanomami (Povo Yanomami) – Uma das mais respeitadas lideranças indígenas do Brasil, Davi Kopenawa é membro da Academia Brasileira de Ciências. Sua luta é pelo respeito, direito à terra e preservação do meio ambiente através da ciência. Usa seus conhecimentos – oriundos da cultura indígena e sabedorias ancestrais de ervas medicinais e xamanismo – a serviço do desenvolvimento científico nacional.
Ailton Krenak (Povo Krenak) – Líder indígena, ambientalista, filósofo, escritor, poeta. A luta de Krenak pelo respeito ao indígena e pelo direito de ser índio no Brasil é conhecida nacional e internacionalmente. Krenak luta pelo direito do índio de interagir com o mundo não-indígena sem perder o vínculo com a própria cultura.
Daniel Munduruku (Povo Munduruku) – Daniel Munduruku é escritor e vencedor do prêmio Jabuti e do Prêmio de Literatura pela Unesco. Há anos, luta pela divulgação da cultura indígena e acredita que ela deva acontecer principalmente por meio da Educação. Daniel defende que o Dia do Índio seja um dia de consciência indígena e não uma data de celebração que reforça estereótipos, como acontece nos dias atuais.
Kunumi MC (Povo Guarani Mbyá) – Werá Jequaka Mirim ficou conhecido internacionalmente como Kunumi MC quando participou da cerimônia de abertura da Copa do Mundo no Brasil, em 2014.Sua principal luta é pela divulgação da cultura indígena e sua maior demonstração de resistência é pelo rap. Kunumi MC protesta em suas letras contra o desmatamento e a destruição do meio ambiente.
Beto Marubo (Povo Marubo) – Uma das principais lideranças ativistas dos povos isolados do Brasil, Beto é membro da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari e do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato. Sua luta é pelo direito ao território, à proteção física e cultural e pela autonomia dos índios isolados.
Bruno Kaingang (Povo Kaingang) – Primeiro indígena com título de Doutor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Bruno é professor do Instituto Estadual de Educação Indígena Angelo Manhká Miguel, que ajuda na formação de outros professores indígenas. Sua luta é pela valorização da educação indígena, pelo direito a uma escola indígena adequada aos valores e práticas das tantas etnias existentes no país. Bruno é um grande defensor da importância dos rituais.
Cristian Wariu (Povo Xavante) – Indígena mato-grossense do Povo Xavante, Cristian Wariu é Youtuber e influenciador digital. Entre as principais razões que o levaram a criar seu canal no Youtube, está sua luta para desmistificar estereótipos e mostrar o que é ser índio no século XXI.
ELAS:
Djuena Tikuna (Povo Tikuna) – Djuena é cantora do Estado do Amazonas e foi a primeira indígena a protagonizar um espetáculo musical no Teatro Amazonas. Sua luta é pela preservação da cultura e da língua indígena através da música.
Elisa Pankararu (Povo Pankararu) – Mestre em Antropologia e uma das grandes representantes da causa feminina indígena, que além de lutar pelos direitos dessas mulheres, também busca o reconhecimento dos indígenas urbanos.
Emerson Uýra – Emerson é bióloga e artista. Tem reconhecida atuação na luta pela preservação ambiental através da arte e pelo respeito à diversidade. Uýra se apresenta como uma “árvore que anda”, em referência ao seu conhecimento científico da biologia e das propriedades medicinais das plantas. Compartilha seu conhecimento em aulas de artes e biologia, performances artísticas, maquiagens, textos e instalações..
Alessandra Korap Munduruku (Povo Munduruku) – Líder indígena, detentora do prêmio Robert F. Kennedy de Direitos Humanos (2020). Alessandra é uma voz potente contra os grandes empreendimentos e o garimpo na bacia do rio Tapajós. É ativista contra a invasão dos territórios indígenas e a favor da demarcação das terras indígenas e preservação das florestas.
Dayana Molina – Estilista e dona de uma marca de moda, Dayana luta pela divulgação da cultura indígena e pratica sua resistência através da moda. Sua luta maior é pela ocupação de espaços e preservação do meio ambiente.
Lian Gaia – Lian é atriz e luta, através da arte, por mais espaços no teatro e no audiovisual para indígenas.
Myriam Krexu (Povo Guarani Mbyá) – Médica, Myriam é a primeira cirurgiã cardiovascular indígena do Brasil. Sua luta é para que todo indígena tenha acesso a uma educação básica de qualidade, para que consiga chegar à universidade sem tantas dificuldades.
Fernanda Kaingang (Povo Kaingang) – Advogada e Mestre em Direito Público, Fernanda Kaingang enxerga o Direito como arma de luta dos povos indígenas.
Mapulu Kamaiurá (Povo Kamaiurá) – Mapulu é a primeira pajé do Alto Xingu e uma das principais lideranças femininas indígenas brasileiras. Sua atuação em defesa dos indígenas é diversa e, entre outras frentes, inclui a preservação da floresta; da cultura indígena; seus costumes e valores ancestrais; saúde dos índios; e espaço da mulher na sociedade indígena.
Valdelice Verón Guarani Kaiowá (Povo Guarani Kaiowá) – Liderança Guarani-Kaiowá, filha do líder assassinado, o Cacique Marcos Verón, é uma das principais porta-vozes de seu povo. Valdelice luta pelo direito à terra e à vida do povo Guarani-Kaiowá – e dos demais povos indígenas.
Maial Kayapó (Povo Kayapó) – Ativista indígena, Maial luta pela valorização e preservação dos costumes e da cultura indígena, e enxerga a pintura corporal como uma identidade dos povos indígenas.
Fêtxawewe Tapuya Guajajara (Povo Guajajara) – Estudante de Ciências Sociais na UNB (Universidade de Brasília), é uma das grandes jovens lideranças indígenas brasileiras. Filho do Pajé Santxie Tapuya, assumiu o comando da comunidade indígena Santuário dos Pajés, em Brasília, após a morte do pai, em 2014. Acredita que o ativismo jovem traz questões novas e fundamentais para o movimento indígena.
Telma Taurepang (Povo Taurepang) – Telma é coordenadora-geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB), que representa nove estados e 23 organizações de mulheres indígenas. Ela defende a importância da terra e das organizações indígenas.
Protesto contra retirada de invasores decretada pelo STF
Em contrapartida ao programa que será apresentado hoje pela TV Globo, garimpeiros ilegais que exploram a Terra Indígena Munduruku, no sudoeste do Pará, articularam uma vaquinha entre empresários, comerciantes e moradores dos municípios de Jacareacanga e Itaituba para enviar, no momento mais crítico da pandemia de Covid-19, ônibus de indígenas a Brasília, com o objetivo de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso a favor de suas demandas.
Eles chegam hoje, dia 19 de abril, Dia do Índio, para protestar contra a retirada dos invasores determinada pelo ministro do STF, Luis Roberto Barroso, e pedir apoio de parlamentares pela aprovação do projeto de lei da Câmara dos Deputados (PL 191/20), que libera a mineração nessas terras.
O jornal O Globo teve acesso a um áudio de garimpeiros e lideranças indígenas discutindo a estratégia de cooptar os índios e arrecadar recursos de quem se beneficia da prática de extração de ouro ilegal na região para fazer a viagem até Brasília. Ao menos dois micro-ônibus chegam hoje à capital federal, provenientes de Jacareacanga.
Filme sobre yanomamis isolados é debatido hoje
Exibido em março no Festival de Berlim e também no É tudo verdade, o filme A Última Floresta, de Luiz Bolognesi, sobre um grupo Yanomami isolado, é tema de debate hoje, às 19h30, no YouTube do Instituto Socioambiental (www.youtube.com/user/socioambiental). Bolognesi participa do bate-papo com três líderes indígenas: o xamã e roteirista do filme Davi Kopenawa, Sonia Guajajara e o ambientalista e escritor Ailton Krenak.