Por Igor Waltz*
14/01/2014
Considerado o maior estudioso brasileiro das histórias em quadrinhos, Moacy Cyrne morreu no último sábado, 11 de janeiro, por volta das 13h, em Natal. O pesquisador e professor de 70 anos sofreu uma parada cardíaca após passar por uma cirurgia e ficou em coma induzido antes de falecer no Hospital da Unimed. Seu corpo foi sepultado no Cemitério São Vicente de Paula, em Caiacó, interior do Rio Grande do Norte, onde ele viveu parte de sua vida.
Moacy Cirne foi também poeta, artista visual e um dos fundadores, em 1967, do movimento contraliterário de vanguarda Poema/Processo. Nascido em São José do Seridó, no Rio Grande do Norte, em 1943, Cirne se especializou em narrativas gráficas e em poesia, tendo escrito diversos livros sobre essas duas vertentes da literatura.
Entre suas obras, estão “A explosão criativa dos quadrinhos” (1970), “Uma introdução política aos quadrinhos” (1982), “História e crítica dos quadrinhos brasileiros” (1990), “Quadrinhos, sedução e paixão” (2000) e “A escrita dos quadrinhos” (2006).
“Meu interesse por quadrinhos começou em Caicó, interior do Rio Grande do Norte, no final dos anos 1940. Claro, tratava-se de um interesse puramente lúdico-afetivo. O Tico-Tico, por exemplo, representava todo um mundo para mim. A partir de 1967, quando, participando do Poema/Processo, percebi que os quadrinhos ultrapassavam as fronteiras da própria indústria cultural, enquanto linguagem”, disse em entrevista à Editora UFF.
Também são de sua autoria “Vanguarda: um projeto semiológico” (1975), “A poesia e o poema do Rio Grande do Norte” (1979) e “Cinema cinema”. O último livro de Cirne — que foi professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói —, “Seridó Seridós”, foi lançado no fim de 2013 com memórias, fotos, poemas e listas de livros e filmes.
Cirne era conhecido por sua paixão pelo Fluminense, tendo inclusive escrito o livro “Maraca Maracanã que te quero Fluminense”. Em recente artigo, intitulado “Outras viagens”, ele analisou os impulsos de vanguarda e contracultura dos quadrinhos brasileiros desde a primeira metade do século XX até os dias de hoje, ressaltando os feitos de uma nova geração que transita entre as mídias impressas e eletrônicas. “Não se trata, pois, de ruptura criativa; trata-se de novo impulso”, escreveu, ressaltando novidades como a “arte gráfico-narrativa de Rafael Coutinho, Gabriel Bá, Fábio Moon, e outros, como Rafael Grampá”.
*Com informações de O Globo, Tribuna do Norte e Editora UFF.