Por Cláudia Souza*
03/08/2013
O jornalista Luiz Paulo Horta, crítico de música clássica, escritor, ocupante da cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras(ABL), morreu na manhã deste sábado, dia 3, aos 69 anos, em sua casa, no Rio de Janeiro, em decorrência de problemas cardíacos. Ele completaria 70 anos no próximo dia 14.
Autor de livros sobre música clássica e teologia, Horta acompanhou ativamente a Jornada Mundial da Juventude. O corpo chegou por volta das 14h20m à sede da ABL, onde teve início o velório. Às 8h30m deste domingo, dia 4, Dom Orani, arcebispo do Rio, rezará uma missa de corpo presente também na ABL. O enterro será no mausoléu da instituição, no cemitério São João Batista, às 10h.
Nascido em 14 de agosto de 1943, Luiz Paulo Horta foi eleito para a Academia Brasileira de Letras(ABL) em agosto de 2008, em substituição a Zélia Gattai. O primeiro imortal a ser diretamente ligado à música ocupou por cinco anos a cadeira de número 23, a mesma de Machado de Assis, que tem como patrono José de Alencar. Estava no GLOBO desde 1990, depois de passar pelas redações do “Jornal do Brasil”, onde trabalhou por 26 anos, e “Correio da Manhã”. Chegou a cursar Direito, faculdade que abandonou para se dedicar ao jornalismo.
Com apenas cinco anos, Horta ganhou um acordeon e aprendeu a tocar o instrumento sozinho. A aptidão para a música se tornou ainda mais evidente três anos mais tarde, quando seu avô o presenteou com um piano. O profundo conhecimento em música erudita o ajudou a assumir precocemente o posto de editorialista no “Jornal do Brasil”, com apenas 33 anos de idade. Seu compositor preferido era o alemão Johann Sebastian Bach.
No fim da década de 1980, Horta fundou e dirigiu a seção de música do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Comandou um grupo de estudos bíblicos no Centro Loyola da PUC-Rio, entre 2000 e 2001 e foi membro da Comissão Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Tornou-se membro titular da Academia Brasileira de Música em 1994.
Seu primeiro livro, “Caderno de música”, foi publicado em 1983. Desde então, publicou títulos como “Sete noites com os clássicos”, “A música das esferas”, “Sagrado e profano” e biografias de Villa-Lobos. Sua obra mais recente, “A Bíblia: Um diário de leitura”, foi lançada em 2011, resultado de mais de dez anos de pesquisas em um grupo de estudos que mantinha em sua própria casa. Nos últimos meses, Horta estava preparando um novo livro sobre a transição que o Papa Francisco promove na Igreja Católica.
Entre suas condecorações, recebeu o Prêmio Padre Ávila de Ética no Jornalismo, concedido pela PUC-Rio, em 2000. Em 2010, Horta recebeu a Medalha do Inconfidente do Governo de Minas Gerais.
Casado com a editora do Caderno Ela Ana Cristina Reis desde 2007, Horta deixa três filhos, Ana Magdalena, José Maurício (Kiko) e Ana Clara, e seis netos.
*Com informações do jornal O Globo