23/10/2023
Com informações da SP Escola de Teatro
Morreu nesta segunda-feira (23), aos 92 anos, César Vieira, um dos maiores nomes do teatro brasileiro. Nascido Idibal Almeida Piveta em Jundiaí, em 1931, Vieira foi autor, diretor e advogado brasileiro. Foi um dos fundadores do grupo Teatro Popular União e Olho Vivo, pioneiro na utilização dos processos de criação coletiva, dedicando-se a uma dramaturgia popular e comprometida com o teatro de resistência.
Formado em direito, jornalismo e não completando uma formação em dramaturgia na Escola de Arte Dramática (EAD), em 1964, César Vieira participa de atividades teatrais desde meados dos anos 1960. Em 1969, esteve entre os fundadores do grupo União e Olho Vivo, junto ao Centro Acadêmico 11 de Agosto do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo, que elege um texto seu – “O Evangelho Segundo Zebedeu” – para iniciar suas atividades, sob a direção de Silnei Siqueira.
Como advogado César Vieira teve importante atuação defendendo presos políticos durante a ditadura militar, entre os anos de 1968-1980. Ele mesmo foi vítima da repressão durante a ditadura, sendo preso e torturado, no Doi-Codi do II Exército, em São Paulo, comandado pelo então major Carlos Alberto Brilhante Ustra, notório torturador.
Entre os livros que publicou durante sua carreira, estão “Em Busca de um Teatro Popular”, “João Cândido do Brasil: a Revolta da Chibata” e “Bumba, Meu Queixada”. Além disso, Vieira recebeu os mais importantes prêmios do teatro e das artes durante as décadas, como o Prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor autor nacional por “O Evangelho Segundo Zebedeu” (1969), o Prêmio Dramaturgia Funarte-MinC por “Os Juãos e os Magalís – Uma Chegança de Marujos” (1996) e Prêmios Mambembe e Flávio Rangel/MinC por “Brasil Quinhentão!??” (1998).
O presidente Lula lamentou a morte do dramaturgo e ressaltou sua “coragem na defesa de presos políticos durante a ditadura”.
“Além da carreira jurídica, Pivetta também foi ator e diretor de teatro, conhecido como César Vieira. Juntando política e cultura viveu de forma intensa e apaixonada. Soube com tristeza da partida de nosso companheiro. Meus sentimentos aos familiares e amigos de Idibal Pivetta”, afirmou o presidente.
O velório vai das 23h00 desta terça-feira (23) até às 16h00 de terça-feira (24), na sede do Teatro Popular União e Olho Vivo – Rua Newton Prado, 766, Bom Retiro.