Por Kika Santos*
22/10/2014
O ex-editor executivo do Washington Post, Ben Bradlee, supervisor da cobertura feita pelo jornal sobre o escândalo Watergate ─ que resultou na renúncia do então presidente dos Estados Unidos Richard Nixon ─, morreu nesta terça-feira, dia 21, aos 93 anos.
A morte de Bradlee de causas naturais em sua casa, em Washington, foi divulgada pelo Post, que relatou no mês passado que ele tinha começado a receber tratamento especializado, depois de sofrer do mal de Alzheimer havia vários anos. Bradlee teve quatro filhos em seus três casamentos: Benjamin C. Jr., Dino, Marina e Quinn.
Em sua gestão, que durou de 1965 a 1991, o jornal Washington Post conquistou 17 prêmios Pulitzer.
Homenagem
Woodward e Bernstein comentaram a morte do ex-editor em comunicado. “Ele mudou completamente nosso negócio e tinha um entendimento intuitivo da história da nossa profissão e do seu impacto informativo ou substituído das nossas vidas”, disseram.
O presidente dos EUA, Barack Obama, também se pronunciou e fez referência ao carisma e à coragem de Bradlee, a quem classificou como “um verdadeiro jornalista”. “O padrão que ele colocou de uma reportagem honesta, objetiva e meticulosa incentivou muitos outros a entrar nessa profissão”, afirmou.
Em novembro de 2013, Bradlee foi condecorado por Barack Obama na Casa Branca, com a Medalha Presidencial da Liberdade. Na ocasião, o presidente dos EUA o saudou “pela dedicação ao jornalismo que serve como lembrete de que nossa liberdade como nação se apoia em nossa liberdade de imprensa.
Martin Baron, atual editor-executivo do Post, disse que Bradlee deixou “marca indelével” no jornalismo. “Seu espírito foi uma inspiração para gerações de jornalistas e demonstrou o que nossa profissão pode trazer se é conduzida com coragem e compromisso com a verdade”, ponderou.
Bradlee foi interpretado por Jason Robarts em “Todos os homens do presidente”, filme de 1976 que rendeu um Oscar ao ator e contou o desenrolar do Watergate pelas reportagens de Bob Woodward e Carl Bernstein. Ele foi um dos poucos a conhecer desde cedo a identidade da fonte apelidada de “Garganta profunda”, revelada apenas em 2005 como sendo o oficial do FBI W. Mark Felt.
* Com informações de agências de notícias