18/04/2023
Um dos maiores historiadores e cientistas políticos do Brasil, Boris Fausto morreu nesta terça-feira (18/4), aos 92 anos, em São Paulo.
Boris Fausto era pesquisador sênior da Universidade de São Paulo (USP), onde concluiu a graduação e o doutorado, ambos na década de 1960, em História. Antes, também havia se formado em Direito pela universidade.
Autor de mais de 20 títulos, Boris Fausto escreveu livros considerados fundamentais na compreensão do Brasil do século 20. Foi vencedor de três prêmios Jabuti, nas categorias Livro Didático e Ciências Humanas, nas décadas de 1990 e 2000.
Em junho de 2021, o professor da USP sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), mas conseguiu se recuperar. A causa da morte ainda não foi divulgada. O velório vai acontecer na Funeral Home, na Bela Vista, centro da capital, na quarta-feira (19/4).
Boris Fausto nasceu no dia 8 de dezembro de 1930, em família de imigrantes turcos, em São Paulo. Já na sua primeira publicação, “A Revolução de 1930”, o pesquisador foi alçado ao posto de referência na historiografia da República brasileira. A obra é de 1969, um dos momentos mais duros da ditadura militar.
“Propus uma interpretação nova, que não existia, a respeito das classes, dos grupos e das Forças Armadas”, declarou o historiador, no documentário Memórias, da TV Câmara, em 2018. “Encaminhei para um editor e ele me chamou e disse: ‘Olha, você vai me desculpar mas, no clima que está, não posso me arriscar a publicar esse livro’.”.
Também é autor de “História do Brasil”, o livro mais vendido da Editora da USP (Edusp), e organizador de “História Geral da Civilização Brasileira”, em parceria com Sérgio Buarque de Holanda.
“A Reitoria se solidariza com a família e os amigos do professor neste momento de consternação”, diz nota da USP, assinada pelo reitor, Carlos Gilberto Carlotti Junior, e pela vice-reitora, Maria Arminda do Nascimento
O seu currículo acadêmico inclui passagens como coordenador de Ciências Humanas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), além de pesquisador sênior da Rockefeller Foundation e professor visitante da Brown University, nos Estados Unidos.
Entre os temas, escreveu ainda sobre o luto e a criminalidade de São Paulo. Conhecido pelo bom humor, Boris Fausto também era crítico da polarização radical vista na política brasileira nos últimos anos.
“Eu continuo achando que o regime democrático é fundamental, mas não é isso que está aí”, afirmou, em 2018. “O Brasil tem jeito, dependente de uma categoria complicada que são os brasileiros”.