Por Igor Waltz*
02/12/2013
Foi enterrado nesta segunda-feira, 2 de dezembro, no Cemitério Gethsemani-Morumbi, em São Paulo, o corpo de Petrônio Corrêa, um dos maiores nomes da publicidade brasileira. Corrêa morreu no último domingo, 1º de dezembro, no Hospital Oswaldo Cruz, vítima de uma parada cardíaca. Nascido em São Sepé, no Rio Grande do Sul, ele completaria 85 anos no próximo dia 28 de dezembro.
De acordo com seu filho, Petrônio Corrêa Filho, o publicitário sentiu uma forte dor no peito na manhã de domingo, em casa, e foi levado ao hospital, onde morreu às 12h12. O filho diz que ele sofreu uma queda há dois meses, quebrou uma costela e teve algumas complicações de saúde.
O presidente do Sindicato das Agências de Publicidade de São Paulo (Sinapro-SP), Geraldo de Brito, lamentou a morte de Corrêa. “Sua morte deixa uma grande lacuna no mercado, aquela que só pode ser ocupada pelos homens de grande expressão e líderes que fazem história. Ele deixa um legado que ajudou a transformar a trajetória da publicidade, e sem sua participação talvez o mercado não tivesse alcançado o nível de profissionalização que possui hoje”, afirma em nota.
O papel de Corrêa na consolidação do mercado publicitário brasileiro também foi destacado por Gláucio Binder, presidente da Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro). Sua participação para a consolidação do Conar, para o estabelecimento das Normas Padrão e a fundação do Cenp foram contribuições fundamentais para que o mercado tenha atingido o nível de qualidade com que é reconhecido no mundo inteiro. A Fenapro e as agências do Brasil devem muito ao nosso eterno ‘Coronel’, como era conhecido”.
Carreira
A carreira de Corrêa foi marcada especialmente pela defesa da profissão de publicitário e da liberdade de anunciar. Seu primeiro emprego no mercado de comunicação foi em 1948, então com 20 anos, como redator do jornal A Nação, de Porto Alegre. Sua entrada para o setor de agências se deu em 1954, como gerente da filial gaúcha da Grant Advertising.
Em 1957, ao lado dos sócios Luiz Macedo e Antonio Mafuz, Corrêa fundou a MPM Propaganda. A empresa ganhou fôlego nos anos 1960 graças à publicidade estatal. Até então, o setor de publicidade no País era dominado por empresas estrangeiras. A primeira conta pública obtida pela MPM foi da Caixa Econômica, durante o governo João Goulart. Depois vieram Banco do Brasil, Eletrobras e Petrobras. O bom relacionamento com Brasília se manteve durante o governo militar.
Em 1965, a empresa transfere-se de Porto Alegre para São Paulo. Uma década mais tarde, tornou-se a maior agência do País, liderando o ranking brasileiro por 15 anos. A virada veio na crise gerada pelo Governo Collor, em 1991, quando a MPM foi vendida para o Grupo Interpublic, que a fundiu com a Lintas.
A ativa participação em entidades do mercado foi um traço marcante na carreira de Corrêa, um dos expoentes da geração que trabalhou pela profissionalização e valorização da atividade publicitária no Brasil. Ele foi presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) entre 1979 e 1981 e participou do grupo que fundou o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), tendo sido seu primeiro presidente, entre 1981 e 1988. Foi também o primeiro presidente do Conselho Executivo das Normas-Padrão (Cenp), fundado em 1998, e comandou a entidade por 11 anos.
Em 2010, recebeu uma homenagem especial do Prêmio Caboré, por sua contribuição ao mercado brasileiro. No ano passado, Corrêa teve sua biografia narrada no livro “No Centro do Poder”, da jornalista Regina Augusto. Em agosto de 2013, Corrêa pediu desligamento completo do Conselho Consultivo do Cenp, instância que presidia desde dezembro de 2009, quando passou a presidência executiva a Caio Barsotti, atual ocupante do cargo.
*Com informações do site Meio & Mensagem, G1, Folha de S. Paulo e Portal da Propaganda.