02/05/2013
O jornalista Acurcio Rodrigues de Oliveira, diretor-presidente do jornal Monitor Mercantil, morreu nesta quarta-feira, dia 1° de maio, aos 84 anos. Acurcio era sócio da ABI desde 1994, tendo como proponente Alfredo Marques Vianna.
Em homenagem ao jornalista, o site do jornal Monitor Mercantil publicou um texto que tem o seguinte teor:
“Faleceu neste dia 1°, o jornalista Acurcio Rodrigues de Oliveira, diretor-presidente do MONITOR MERCANTIL, aos 84 anos.
Acurcio de Oliveira comprou o jornal em 1985, tendo antes trabalhado com Samuel Wainer na “Última Hora”. Trabalhou depois na revista de arte Senhor e em um jornal esportivo.
Ficou na “Manchete” por 10 anos, mais envolvido na administração. Depois, foi para “O Globo”. Desde 1955, manteve também uma empresa de comunicação e, com ela, teve muito contato com publicações internacionais.
Segundo ele próprio, sua “experiência mais marcante foi com a Revista Forbes, para a qual trabalhei como representante no Brasil por 33 anos”.
Para Wagner Victer, presidente da Cedae e ex-secretário estadual de Desenvolvimento, Indústria Naval e Offshore, “Acurcio de Oliveira era um grande amigo que me ajudou muito. Esteve presente e ajudou o Monitor Mercantil no desenvolvimento econômico do Estado do Rio de Janeiro. A retomada do setor naval teve em Acurcio, através do MM, o primeiro órgão que mergulhou de cabeça e acreditou no setor e em nosso trabalho. Lamento muito a sua ausência. Mas ele fica marcado por ser alguém que foi decisivo para o momento que o Rio vive atualmente.”
Amigo de muitos anos, Sérgio Barreto, jornalista e colunista do MM conheceu Acurcio em “O Globo”.
– Eu atuava na Redação e ele era gerente de publicidade; em geral, profissionais desses dois setores têm pouco relacionamento, em uma empresa grande, mas o Acurcio sempre mostrava simpatia com todos e era muito popular. Mais tarde, Acurcio foi para “Última Hora”, sob o comando de Ary Carvalho – na época dono do influente “O Dia”. Ocorre que Ary era também dono do Monitor Mercantil, mas não parecia ter aptidão para investir nesse jornal econômico. Ao que sei, Ary lhe fez um convite para assumir o MM, que já teria sido recusado por outros. Se Acurcio abrisse mão do desafio, possivelmente Ary pensava em fechar o jornal, o que seria uma pena, devido a sua tradição e por não haver muitos jornais econômicos no país.
Ainda de acordo com o colunista, “Acurcio me contou que, com um pouco de temor e muita confiança, aceitou a dura empreitada. Com capital restrito, fez tudo o que lhe era possível para superar os primeiros meses. Pode-se dizer que, mais do que capital próprio, usou como alavanca sua respeitabilidade no mercado para tirar a empresa da inércia. Conseguiu apoio publicitário, ativou a área jornalística e, em cerca de um ano, o MM se tornou viável, após muitas noites sem dormir de Acurcio que, assim, mostrou que, apesar de seu estilo leve e descontraído, tinha muita garra e decisão. O jornal se viabilizou e, desde então, superou diversas crises, decorrentes da própria economia brasileira, com hiperinflação e várias mudanças de moedas, mas o MM seguiu em frente, ora ampliando, ora reduzindo os gastos. Um fator importante para o MM sempre foi possuir sua própria gráfica, o que solidificou a empresa, que tem duas fontes de receita: o jornal e a gráfica, que atua para o próprio MM e produz para o mercado.
Nosso querido Acurcio teve uma grande felicidade, no ano passado, ao comemorar o centenário Monitor Mercantil. Agora, passa o bastão para seu filho Marcos, que já atuava há longo tempo na redação e, há algum tempo, passou a participar ativamente das funções totais do jornal, envolvendo publicidade e a representatividade na sociedade.”
Segundo o também jornalista Luiz Antonio dos Santos, que também integrou a equipe do jornal, “é perda enorme a de Acurcio Rodrigues de Oliveira. O jornalismo que faz o MM é cada vez mais raro. Tenho certeza que o Marcos Oliveira [diretor de Redação] e equipe saberão dar prosseguimento ao trabalho de tão grande qualidade de informação e opinião.”
Para Ranulfo Vidigal, economista e mestre em Políticas Públicas pela UFRJ, “Acurcio de Oliveira foi um grande nacionalista. Foi um defensor das idéias de desenvolvimento com inclusão social. Enfrentou todas as dificuldades por que passou a imprensa nos últimos anos, mantendo-se sempre coerente com suas ideais.”
Amigo particular da família e da empresa, o deputado estadual Paulo Ramos (PDT) disse que “manter funcionando por tanto tempo (100 anos) o Monitor Mercantil, considerando as regras de mercado, é uma demonstração de compromisso com a verdadeira liberdade de expressão. Merece todo o nosso reconhecimento. É realmente uma grande perda. Vamos torcer para que o nosso MM continue da mesma forma em homenagem ao que ele vinha fazendo.
Segundo Sérgio Leal, secretário executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Reparação e Construção Naval Offshore (Sinaval), “Acúrcio de Oliveira era uma pessoa muito parceira e que ajudou muito o setor naval, divulgando fatos com muita isenção e propriedade. Teve uma trajetória marcante junto ao setor que sempre o reconheceu como uma pessoa importante no processo de consolidação da construção naval do país. Foi uma grande perda.”
Quem esteve presente ao velório foi a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ). Segundo a parlamentar, “Acurcio era um companheiro e amigo. Estamos aqui porque ele era uma pessoa que sempre estava com a gente na hora das adversidades. E a gente, neste momento, lamenta profundamente sua partida. E ao mesmo tempo ele não merecia ficar sofrendo. Então, Deus deu a ele uma morte tranqüila. Estou muito emocionada porque dei um abraço nele em vida, na Petrobras, recentemente. E disse para que as pessoas o tratassem muito bem, porque ele era gente fina. Ele, com certeza, vai fazer falta.”