25/09/2023
Morreu na noite de sábado (23) o carnavalesco Max Lopes, o primeiro campeão do Sambódromo e “Mago das Cores”, como era conhecido. São dele os desfiles históricos “Liberdade, liberdade” e “Nação do Nordeste”. A notícia foi confirmada à TV Globo pela família. Ele tinha 85 anos.
“Max Lopes deu entrada no Hospital Municipal Conde Modesto Leal, no dia 24/08, com um quadro de instabilidade hemodinâmica e insuficiência renal aguda, em decorrência de um câncer de próstata avançado. O paciente permaneceu internado até o sábado (23/09), quando evoluiu para um quadro de insuficiência múltipla dos órgãos. O óbito foi confirmado às 23h50 do mesmo dia”, informou a Secretaria de Saúde de Maricá.
O advogado de Max Lopes, Paulo Boia, disse que há 8 meses o carnavalesco precisou fazer uma cirurgia no intestino.
O velório foi marcado para esta terça-feira (26), no Parque da Colina, em Niterói, em cerimônia aberta. O corpo será cremado.
Grandes carnavais
Max Lopes foi autor de grandes carnavais e conquistou, na elite do samba, 3 campeonatos:
“Yes, Nós Temos Braguinha”: Estação Primeira de Mangueira, 1984, na abertura do Sambódromo;
“Liberdade! Liberdade! Abra as asas sobre nós”: Imperatriz Leopoldinense, 1989;
“Brazil com ‘Z’ é pra cabra da peste, Brasil com ‘S’ é nação do Nordeste”: Mangueira, 2002.
Nas divisões de acesso, foi campeão em 1990, na Unidos do Viradouro, com “Só vale o escrito”.
Trajetória
Max Lopes nasceu no Rio de Janeiro em 1938 e começou no carnaval como auxiliar de Fernando Pamplona. Assinou o primeiro desfile em 1976, na Unidos de Lucas, com “Mar baiano em noite de gala”.
No ano seguinte, fez “Viagem fantástica às terras de Ibirapitanga” na Imperatriz, na estreia no Grupo Especial.
O primeiro desfile de destaque foi em 1982, com “É hoje!”, na União da Ilha do Governador, com um samba-enredo histórico em cima de um livro de Haroldo Costa com ilustrações de Lan.
Em 1984, na homenagem ao cantor e compositor João de Barro, com “Yes! Nós temos Braguinha”, conquistou o primeiro campeonato do Sambódromo para a Verde e Rosa. Naquele ano, era um campeão por dia — a Portela venceu também —, e um inédito Supercampeonato, um tira-teima com as melhores das duas noites. Deu Mangueira.
Para o carnaval de 1989, a Imperatriz mudou todo o seu quadro após o último lugar em 1988. Max Lopes, convocado pelo presidente Luizinho Drummond, desenhou um desfile-exaltação ao centenário da Proclamação da República do Brasil.
O título do enredo pegou emprestado um verso do Hino da República: “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós!”. O desfile mostrou o fim da monarquia brasileira, a Guerra do Paraguai, a chegada de imigrantes ao país, a assinatura da Lei Áurea e a instauração da República.
Foi um arrebatamento que desbancou o também icônico “Ratos e urubus” de Joãosinho Trinta, na Beija-Flor de Nilópolis.
Em 1991, exaltou em vida Dercy Gonçalves, que veio no alto de um carro alegórico com os seios de fora.
Anos mais tarde, em 2002, Max voltou à Mangueira e fez um divertido enredo sobre o Nordeste, reunindo Lampião, Gonzagão, festas, tradições e a culinária.
No Maracanã, vendo show de Garrincha
O presidente da ABI, Octávio Costa, conta uma passagem marcante de sua vida com Max Lopes: “Na juventude, Max Lopes foi meu vizinho na vila em que fui criado na Tijuca. Botafoguense doente, ele nos levou, eu e minha irmã Nanda, para assistir a final do Campeonato Carioca de 1962, entre Botafogo e Flamengo. Maracanã lotado, ficamos sentados de lado na arquibancada e assistimos a um maravilhoso e inesquecível show de Garrincha que fez dois gols na vitória de 3 a 0. Valeu, Max!!!! Muito obrigado!!! (E ainda há por aí uns doidos que dizem que Garrincha sempre foi alcoólatra. Argh!!!)”.