Mais um jornalista assassinado no México; o sexto somente este ano


Por Claudia Sanches*

03/08/2015


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Foto: Jornalista Rubén Espinosa (Reprodução)

O repórter fotográfico Rubén Espinosa foi encontrado morto em um apartamento num bairro de classe média da Cidade do México. O corpo jornalista de 31 anos foi identificado na noite do último sábado (1/8), após ter sido encontrado baleado, e com sinais de tortura.

O fotógrafo estava com quatro amigas, que também foram assassinadas por disparo de arma de fogo. Uma delas, identificada como Nadia Vesa, era ativista de direitos humanos. Com seis mortes de jornalistas desde janeiro, México já iguala ao número de todo 2014.

Segundo o jornal britânico “The Guardian”, a família de Espinosa estava sem contato com ele desde sexta (31/7). Mais tarde, a ONG Artigo 19 havia alertado autoridades mexicanas para localizar o profissional, já que ele deixou sua casa, em Veracruz, por se sentir ameaçado. Desde o início do governo da cidade de Veracruz, Javier Duarte, em 2010, 14 repórteres foram assassinados na região. Espinosa havia afirmado que o governador ganhava favores de jornalistas aos quais distribuía presentes caros, como automóveis e aparelhos de televisão.

No último domingo (2/8), milhares de pessoas, na maioria profissionais de imprensa, protestaram contra os assassinatos. Os manifestantes carregavam velas e cartazes com mensagens contra o governo de Veracruz e criminosos, apontados como os principais agressores de jornalistas da cidade, considerada um das mais perigosas para exercer a profissão.

Segundo o promotor de justiça Rodolfo Ríos Garza, as autoridades trabalham com “várias linhas de investigação”, incluindo roubo. Ele não especificou se há elementos que apontem que o homicídio esteja relacionado ao trabalho de Espinosa.

Em junho, o fotojornalista, que trabalhava para a prestigiada revista investigativa “Proceso”, sofreu agressões e intimidações na cidade de Veracruz. Ele costumava cobrir atos que exigiam o esclarecimento de assassinatos de profissionais de comunicação.

De acordo com a ONG Artigo 19, Espinosa não residia no lugar onde foi morto, e estava apenas em “uma reunião” com pessoas “amigas”, que não tinham nenhuma relação com jornalismo. A entidade também informou que está reunindo elementos para determinar se o crime está relacionado com o trabalho do fotojornalista e solicitou às autoridades não descartem essa linha de investigação.

Como fotojornalista, ele participou de investigações sobre corrupção de políticos e cobriu manifestações que exigiam o esclarecimento de assassinatos de jornalistas. Na opinião de Dario Ramirez, diretor do grupo de defesa da Artigo 19, não existe interesse da parte das autoridades em investigar os crimes contra jornalistas:

— Eu sinto que há um desdém para investigar os motivos jornalísticos. A questão é que ele estava em risco e depois de um mês ele foi assassinado. Estas são coincidências que não podem ser descartadas, dizendo que ele estava no lugar errado na hora errada.

Fonte: G1 e “The Guardian”